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Folclore e lendas urbanas invadem a classe
Selma Viana
Do Diário do Grande ABC
14/11/2011 | 08:36
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Durante dois meses, Curupira, Saci, Mula sem cabeça e também Lobisomem abandonaram as matas e frequentaram as aulas na Emeief Odylo Costa Filho, na Vila Guiomar, em Santo André.

Não foi experiência assustadora para os mais de 200 alunos, divididos em 11 turmas, com idades entre 6 e 11 anos. A convivência imaginária fez parte do projeto Folclore Brasileiro, brincando também se aprende, que teve como objetivo contar de forma lúdica, sem giz e lousa, as lendas e mitos que os índios, africanos e portugueses - primeiros habitantes das terras brasileiras -, passaram de geração para geração.

Essa turminha de 2011 conheceu, por exemplo, uma das histórias mais populares da região da Bacia Amazônica: "Era uma vez uma índia que se apaixonou pela lua, então um guerreiro. Certo dia, a índia vê a lua refletida no lago e se joga na água para ir atrás de seu grande amor. Como não sabia nadar, morre afogada. Triste com o destino da índia, a lua a transforma em planta, a vitória-régia", narra a professora Vanessa Veríssimo, responsável por aplicar o projeto à turma do 4º ano. Ela explica que, além das lendas, o folclore também abrange culinária, dança, brincadeiras, músicas, o trava-língua (o rato roeu a roupa do rei de Roma), cordel e provérbios.

Como todo trabalho pedagógico, a atividade tornou-se interdisciplinar. Ao falar da vitória-régia, os professores ensinavam Geografia; na culinária, os alunos aprendiam que 100 gramas de farinha são, antes de tudo, uma quantidade. Somados a outras quantidades, podiam virar um bolo. E o bolo poderia ser dividido entre os alunos, que apenas em uma turma, eram 18. Assim, fica mais fácil aprender Matemática.

Enquanto as histórias vinham à tona, por meio dos professores e da pesquisa que os próprios alunos realizavam pela internet - o que lhes proporcionava contato com o computador que ia além dos jogos -, algumas crianças despertavam para um conhecimento que já tinham em casa, mas que, até então, significava pouco para eles. "Quando contei a história do bumba meu boi teve um menino que logo reagiu: ‘Ah! meu pai é do Maranhão'," relata Vanessa.

Os professores trouxeram às atividades histórias da lendas urbanas com as quais eles se identificam por influência da mídia, em especial à televisão, como a história da Loira do Banheiro.

Formação de professores dá origem a projeto

O projeto Folclore Brasileiro, brincando também se aprende é filho de outro projeto. Em parceria com a Prefeitura de Santo André, a Editora Paulus realizou curso de formação aos professores da rede municipal de Santo André sobre folclore. A assistente pedagógica da Emeief, Carla Gibele, participou do curso e levou a ideia para a escola.

A biblioteca e sala de informática foram os espaços escolhidos para as atividades. "Muito bom contar essa experiência. Normalmente as coisas boas ficam emboloradas dentro dos muros da escola", comemora a diretora da unidade, Sonia Silvério Pereira.

O popular cordel também fez parte do projeto. Foi por meio desse gênero literário nordestino que os alunos aprenderam um pouco mais sobre lendas do cotidiano. As crianças adoraram.

 




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