Secretário de Saúde teria se comprometido a reduzir defasagem de salários dos profissionais de S.Caetano, que chega a 36%, mas não aplicou reajuste
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O governo do prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSD), não deve solucionar a defasagem nos salários dos médicos da cidade até o fim de seu mandato. Segundo José Roberto Murisset, presidente do Sindmed (Sindicato dos Médicos do Grande ABC), o secretário de Saúde do município, Guilherme Crepaldi Esposito, não cumpriu o acordo firmado em outubro que previa reajuste de 11,5% a ser aplicado na folha de pagamento do mesmo mês e que representaria apenas uma parte de acordos coletivos não cumpridos entre 2017 e 2023 – os quais chegam, no total, a 36%.
Segundo Murisset, a reposição da inflação deste ano alcança 3,71%, e os 7,79 pontos porcentuais restantes referem-se aos acordos coletivos não cumpridos. “Fizemos dez reuniões com o secretário sobre a defasagem dos salários até que, em outubro, assinamos a minuta do acordo. Acertamos que o reajuste seria de 11,5% e, em abril de 2025, viria outra parcela de reposição dos atrasados. O secretário disse que estava tudo certo com a administração e se comprometeu a levar o acordo à Fundação (do ABC, que administra a Saúde na cidade) na semana seguinte. Porém, não foi o que aconteceu”, afirmou.
O presidente do Sindmed destacou que a cada vez que o secretário era questionado sobre ter levado o acordo à Fundação recebia respostas evasivas sobre não cumprimento do acordado, até que passou a não ser mais recebido por Esposito. Sem o posicionamento do secretário, Murisset procurou a Fundação, que afirmou não ter recebido nenhum documento por parte da Secretaria de Saúde de São Caetano.
“Ou seja, foi uma farsa. O secretário faltou com a verdade, ou ele negociou ali para fazer de conta. Enganou o sindicato e os médicos. Da última vez que conversamos, o secretário me falou que tinha passado tudo para o governo de transição, mas não acertamos isso: fazer um acordo para passar à equipe de transição. Fizemos um acordo para ser cumprido a partir de dezembro”, destacou.
Murisset afirmou que a defasagem de salário tem levado muitos médicos a deixar o município para trabalhar em cidades como Osasco, Guarulhos e Capital, entre outras, que pagam entre 35% e 40% mais que São Caetano.
“O secretário é um farsante. Falei que, se havia algum problema, era só ter avisado. Mentiu para o sindicato e para a categoria. Veja bem, não sei se ele falou com o prefeito (José) Auricchio. Estou dizendo que o secretário não cumpriu o que acordou com a gente.”
O diretor destacou ainda que, além da defasagem nos reajustes, a Prefeitura implementou um bônus de produtividade, com pagamento atrelado ao cumprimento de várias metas. Porém, em novembro, como o Diário noticiou, esse valor estava em atraso.
A ‘compensação’ faz parte de programa implementado pela gestão Auricchio para reduzir em 25% o tempo de consultas, obrigando os profissionais a atender mais pacientes. De forma escalonada, o plano de metas começou a valer em agosto.
Murisset afirmou que a última informação que recebeu é de que os médicos que bateram a meta receberam o bônus deste mês e os atrasados seriam pagos posteriormente. Procuradas, tanto a Fundação do ABC como a Prefeitura de São Caetano não retornaram aos questionamentos da reportagem.
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