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Faltou diálogo
Da Redação
02/12/2024 | 23:09
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A péssima repercussão da decisão do governo estadual de encerrar 33 turmas de ensino noturno no Grande ABC, incluindo classes do Ensino Médio e do EJA (Ensino de Jovens e Adultos), evidenciou a falta de diálogo com as comunidades escolares afetadas. As informações levantadas pela Apeoesp, o sindicato dos professores, revelam o impacto sobre cerca de 886 estudantes e indicam cenário de incertezas. Embora a Secretaria de Estado da Educação afirme que as turmas noturnas serão ajustadas à demanda, o processo foi conduzido sem consulta prévia a alunos, famílias ou conselhos escolares, comprometendo a transparência e afastando a possibilidade de construção conjunta de soluções.

Os reflexos dessa decisão preocupam por ampliarem vulnerabilidades sociais. A mudança forçada para períodos diurnos desconsidera a realidade de quem depende do turno da noite para conciliar estudos e trabalho. Esse público, muitas vezes formado por jovens e adultos em busca de melhores oportunidades, corre o risco de abandonar a escola, o que compromete o acesso à educação como ferramenta de inclusão. Além disso, o remanejamento de alunos para outras unidades pode resultar em superlotação de salas e sobrecarga de professores, comprometendo a qualidade do ensino. Tais efeitos apontam para um planejamento que não priorizou a diversidade das demandas educacionais.

A ausência de diálogo do governo do Estado com o sindicato e outros atores do setor reforça a percepção de arbitrariedade no processo. Sem um debate prévio com quem vivencia a realidade escolar, a política de fechamento de turmas no Grande ABC – e em todo território paulista – torna-se desarticulada das necessidades regionais. A adoção de medidas que impactam milhares de pessoas exige ampla escuta e participação democrática, não apenas justificativas baseadas em dados numéricos, o que parece ser o caso. A educação noturna, com sua função inclusiva, não pode ser tratada como mera questão logística, mas como um direito que demanda estratégias sensíveis à pluralidade social.




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