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Vencedor do 18º Desafio de Redação descobriu paixão por livros

Mario Henrique diz que isolamento da pandemia acabou impulsionando sua busca pela leitura

Tatiane Pamboukian
29/11/2024 | 21:35
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FOTO: Denis Maciel/DGABC


Ler, refletir, compartilhar ideias, quem sabe transformar a sociedade. Essas são as paixões e ideais que motivam Mario Henrique Ferreira Alexandre, 18 anos, vencedor do 18º Desafio de Redação, promovido pelo Diário. “Ter esse reconhecimento do jornal por algo que gosto tanto de fazer foi incrível. Esse prêmio alimenta nosso amor pelo conhecimento. Eu sou exemplo vivo de que podemos nos apaixonar pelo conhecimento, ganhar prêmios por isso e nos sentirmos melhor”, disse o estudante, que ganhou como prêmio uma bolsa de estudos de graduação na FSA (Fundação Santo André) e um celular.

Ávido por cada vez mais conhecimento, o formando da Etec Lauro Gomes, de São Bernardo, encontrou nos livros o preenchimento para o vazio causado pela pandemia – ele tinha 14 anos quando a Covid-19 começou a se espalhar. 

“Fiquei preso em casa e vivi tudo pela leitura. Eu sempre tenho essa inquietação por conhecer algo novo, mas estudar pelas telas, e ainda com as falhas de conexão, não me motivava. Me entediou, mas eu não parei de estudar. Acabei buscando o conhecimento que eu queria nos livros”, contou Mario Henrique, que pretende estudar economia, gestão ambiental ou jornalismo na faculdade.

A falta da convivência com a sociedade na prática foi compensada pela bagagem sobre as pessoas e o mundo que os livros lhe deram. “Sempre me envolvi muito com as coisas que acontecem no mundo e eu senti muita ansiedade com a pandemia. De madrugada, pegava um livro para ler e ele me levava para um lugar muito mais calmo”, conta.

FAMÍLIA

Assim como nos livros, ele encontra no amor da família sua paz. Nascido na Capital, é o segundo de quatro irmãos e viveu na Zona Leste da cidade até os 12 anos, quando mudou-se para São Bernardo por questões logística, já que seu pai, Renato Dutra Alexandre da Silva, 43, técnico em eletrônica, trabalha na região há cerca de 30 anos. 

“Ele é um menino diferenciado desde que nasceu. Sempre foi estudioso, com ótimas notas. Desde sempre percebíamos o talento dele”, conta a mãe Audre Andressa Ferreira Alexandre, 40, vendedora de doces gourmet, que não economiza elogios para expressar o orgulho que sente pelo filho. 

REDAÇÃO 

Essa é a quarta vez que Mario Henrique participou do Desafio. Em sua redação sobre o tema Inteligência Artificial, ele destacou que, apesar dos benefícios para a sociedade, a tecnologia está aumentando a desigualdade social. 

“Tenho um senso de urgência de mudar a sociedade, e a Inteligência Artificial está tornando a sociedade melhor, mas isso não é para todos. Algumas pessoas estão sendo excluídas e marginalizadas nesse processo”, analisou o estudante. 

CONFIRA  A ÍNTEGRA DA REDAÇÃO VENCEDORA ABAIXO

"De acordo com a pensadora brasileira Djamila Ribeiro, o primeiro passo a ser tomado para solucionar uma questão é tirá-la da invisibilidade. Todavia, no contexto atual do Brasil, os impactos negativos das facilidades de inteligência artificial (IA) na sociedade são omitidos da população. É prudente apontar, diante disso, que a adoção de tal tecnologia por diferentes setores da coletividade corrobora a precarização do trabalho e da educação escolar, potencializando as desigualdades sociais existentes no País.

Vale destacar, em primeiro plano, que as ferramentas em foco trazem prejuízos para a escolarização tupiniquim. Nessa lógica, fundamenta-se a perspectiva do educador e filósofo brasileiro Paulo Freire, dado que a leitura deve ser um ato de amor, entretanto, na realidade brasileira, muitos estudantes obtêm respostas prontas rapidamente para suas tarefas através dos “softwares” geradores de imagem e de texto, sem, de fato, ocorrer a construção do conhecimento por meio da leitura e da reflexão. Em consonância com tal aspecto, no contexto brasileiro, é possível notar a exposição dos usuários de modelos de linguagem artificial à desinformação e ao negacionismo, visto que, ao levantar dados, os sistemas inteligentes não distinguem claramente a informação jornalística e o conhecimento científico de conteúdos falso, como as “fake news” e teorias da conspiração. Esse cenário intensifica as dificuldades de produção de conhecimento e do pensamento crítico entre a população verde-amarela.

Outrossim, cabe ressaltar que a difusão do processamento inteligente de dados reforça a fragilização do emprego no Brasil. Nesse contexto, pode-se citar o fato de que as máquinas de automação por IA estão substituindo muitos profissionais em atividades manuais, como, por exemplo, porteiros e operadores de caixa, culminando, de maneira geral, no desemprego e na migração dos trabalhadores para a economia subterrânea. Paralelamente, a expansão desse fenômeno digital impulsiona a geração de renda e postos de trabalho no segmento de tecnologia da informação (T.I.), contudo, o poder público ainda não consegue garantir as inacessíveis oportunidades de qualificação nesse setor para os cidadãos comuns. Por conseguinte, ao valorizar parcelas já privilegiadas do conjunto social e, ao mesmo tempo, pleitear maior exclusão da classe trabalhadora, esse processo aprofunda as nossas disparidades socioeconômicas, evidenciando na realidade os versos da canção popular “Xibom Bombom”, do grupo musical As Meninas, pois, com efeito, “o pobre cada vez fica mais pobre e o rico cada vez fica mais rico”.

É evidente, portanto, que medidas precisam ser tomadas para solucionar esse problema. Para tanto, o Ministério da Educação (MEC), por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC), deve estabelecer a manipulação da IA de forma consciente, crítica e segura como uma habilidade a ser desenvolvida nas escolas, a fim de convergir esse recurso para o aperfeiçoamento do ensino-aprendizagem, ao invés de proibir o seu uso, estagnando a educação brasileira. Assim, será possível resolver esta questão, pois será retirada do cenário de invisibilidade, como propõe Djamila."




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