Premiado e à frente de uma das mais prestigiadas confeitarias do País, profissional detalha superação a partir de episódios de preconceito e rejeição em São Bernardo e Santo André
Diego Lozano, 40 anos, é o novo nome para integrar o júri do 1º Masterchef Confeitaria no Brasil. O que poucos sabem é que o chef premiado por duas vezes como melhor chocolateiro do País, pelo World Chocolate Masters, tem mais de 20 anos de carreira, nasceu em São Bernardo, cresceu em Santo André e está à frente de um dos estabelecimentos mais comentados na internet neste ano: o Levena, viralizado pela sobremesa Isso Não É Uma Banana, que esculpe a fruta em releitura com crocante de coco, biscuit de amêndoas, mousse de coco, assim como geleia de maracujá e banana.
“É um novo desafio, principalmente a experiência de julgar as pessoas. Digo, porque até já apresentei em um formato que prepara receitas o A Confeitaria, do canal Bem Simples, da Fox. Mas o Masterchef, para mim, é também a realização de um sonho. A confeitaria só tem a ganhar com este novo modelo na temporada. O segmento deve ficar marcado depois disso”, comentou Lozano em entrevista exclusiva ao Diário.
A estreia do principal programa de culinária nacional, voltado de forma inédita aos doces, será na terça-feira (19), às 22h30. No modelo a ser exibido na TV Band por dois dias na semana – também às quintas-feiras –, pratos de 12 especialistas em sobremesas serão julgados por Lozano, ao lado dos chefs renomados Erick Jacquin, Helena Rizzo e Henrique Fogaça.
SUPERAÇÃO
Mas engana-se quem pensa que o sucesso de Lozano aconteceu por acaso. Foi preciso muita persistência. Tudo começou no Bairro Campestre, durante a preparação de um bolo que deu errado, aos 13 anos, e que fez o então aprendiz a descobrir a paixão pela confeitaria. “Peguei uma receita da minha avó e, invertendo as medidas de sal e açúcar, improvisei uma calda para equilibrar. Ali entendi que a confeitaria era uma área precisa, metódica. Futuramente, por necessidade, vendi doce para amigos, restaurantes”, relembra.
As dificuldades não pararam por aí. “Fui rejeitado no processo seletivo de uma antiga padaria na Rua Figueiras (bairro Jardim, em Santo André). Até que consegui emprego em uma padaria na Avenida Kennedy (bairro Jardim do Mar, em São Bernardo). Entrei para fazer salgados, como empada e coxinha. Morria de vontade de ir para a ala de confeitaria, mas já no primeiro dia de trabalho recebi um balde de água fria: o meu chefe virou para mim e disse que ‘confeitaria não era lugar para homem’.”
A partir de então, Lozano intensificou a corrida pelos sonhos. De forma autodidata, passou a colecionar e estudar os livros do segmento e aprimorou técnicas, a ponto de chefiar a confeitaria do D.O.M (um dos melhores restaurantes do mundo, comandado pela estrela da gastronomia Alex Atala). O sucesso repentino fez com que o chef, aos 21 anos, cruzasse a divisa de Santo André e as fronteiras do País. Além de levar suas sobremesas à Capital, o são-bernardense tem registrado no passaporte o carimbo de 108 países, viagens realizadas para lecionar cursos e palestras.
“Aos 19 anos, viajar de avião era apenas sonho. Na minha cabeça parecia impossível, mas, além de descobrir paladares, hoje falo quatro idiomas (português, inglês, espanhol e francês) também por estas imersões”, comenta.
Na lista de vitórias, em 2022 veio o seu livro Por uma Confeitaria Brasileira. O marco aconteceu dez anos após Lozano fundar na Vila Mariana uma escola de confeitaria, também virtual, que leva o seu nome. Como novo jurado do 1º Masterchef Confeitaria no Brasil, ele acredita que todos estes pontos ganham um novo destaque.
“O livro esgotou e por isso estamos nos preparativos para uma segunda edição no próximo mês. O Levena (confeitaria paulista de alto padrão que comanda desde o ano passado), a partir da semana que vem terá surpresas no cardápio para aproveitar esta boa fase no programa. E, por fim, minha outra comemoração é que a escola terá cursos liberados com referência aos episódios”, finaliza o estreante.
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