Dos 2,149 milhões de eleitores aptos a votar nas sete cidades, 550 mil não compareceram às urnas, ou 25,6% do total
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Um a cada quatro eleitores do Grande ABC não votou no 1º turno das eleições deste ano, segundo o TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Dos 2,149 milhões de pessoas aptas a votar nas sete cidades, 550 mil não compareceram às urnas, ou 25,6% do total. No País, o índice médio ficou em 21,7%.
A taxa de abstenção deste ano é a segunda maior desde as eleições de 2000 (veja gráfico ao lado). Só não foi maior que a do 1º turno do pleito de 2020, realizado durante a pandemia de Covid-19. Naquele ano, a abstenção foi de 26,4%.
Em números absolutos, os maiores contingentes de faltosos foram verificados em São Bernardo (167.365) e Santo André (167.221), onde estão os dois principais colégios eleitorais da região. Santo André também é a cidade com a maior taxa de abstenção (28,7%), seguida de São Bernardo (26,0%), Diadema (25,8%), Mauá (24,1%), São Caetano (20,2%), Ribeirão Pires (19,6%) e Rio Grande da Serra (17,0%).
Para Ricardo Ceneviva, professor de Ciência Política e Políticas Públicas da UFABC (Universidade Federal do ABC), o aumento da abstenção é resultado de dois movimentos: o crescente desencanto com a classe política e a facilidade para justificar a ausência.
“(O aumento da abstenção) passa muito pelo desencanto com a classe política e pela descrença e desconfiança em relação a políticos e partidos. Além disso, o custo operacional de não votar é muito baixo, e o eleitor pode resolver tudo pelo celular, não precisa se deslocar até o cartório”, disse Ceneviva.
O professor de Ciência Política refere-se ao fato de que o eleitor pode justificar a ausência pelo aplicativo e-Título, no autoatendimento do site do TSE ou no Sistema Justifica (justifica.tse.jus.br). A multa – no valor de R$ 3,51 por turno – só será devida caso a justificativa não seja aceita ou seja feita fora do prazo, que vai até 5 de dezembro, e pode se quitada por meio de Pix ou cartão de crédito.
Ceneviva ressaltou ainda que, em muitas cidades, o registro eleitoral – que é de responsabilidade dos Tribunais Regionais Eleitorais – “envelhece”, porque as pessoas morrem, mas suas inscrições seguem ativas. “Quando o TRE faz o recadastramento, a abstenção geralmente cai”, explica.
CONTROLE SOCIAL
Ao comentar o fato de Rio Grande da Serra ter, historicamente, uma taxa de abstenção mais baixa do que as demais, Ceneviva explica que, nas cidades menores, a “conformidade social” (aceitação e obediência às regras e normas estabelecidas por uma comunidade) é mais presente. “Nas cidade menores, existe maior controle social: as pessoas geralmente se conhecem e conhecem quem vai votar naquela escola. Daí ficam mais atentas a quem votou, cumpriu seu papel social”, disse.
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