Descontos considerados abusivos e o aumento da carga horária de trabalho são alguns dos motivos que levaram representantes dos rodoviários de São Bernardo e Diadema a buscar o desmembramento do Sindicato dos Rodoviários do ABC (Sintetra). Na audiência da ação principal em prol da entidade, realizada no fim de agosto, não foi definida nenhuma posição e o juiz marcou para meados de setembro um novo encontro entre as partes.

Segundo o presidente do Sindicato dos Rodoviários de São Bernardo e Diadema, que hoje conta com 1,5 mil associados, Dionísio José de Souza, o processo se arrasta há três anos e o desmembramento tem 99% de chance de ser aceito pela Justiça, já que está baseado em lei. “A instrução normativa da portaria do Ministério do Trabalho, de 17 de julho de 1997, permite a fundação de sindicatos por categoria e por cidades”, disse.

A luta pelo desmembramento existe desde a data da criação do sindicato, em maio de 1999. Segundo Souza, o Sindicato dos Rodoviários do ABC assinou, na ocasião, um acordo que permitiu que a carga horária de trabalho aumentasse de 6h40 para 7h20, mesmo sem a aprovação dos trabalhadores da categoria.

Outro motivo apontado por Souza é a questão da violência. “Os trabalhadores nunca podem descordar das propostas do Sintetra.” Além disso, os descontos abusivos sofridos pelos salários dos rodoviários é, para o presidente, o carro-chefe para o pedido de desmembramento. “Atualmente temos o desconto confederativo de 1% ao mês, de R$ 20 de mensalidade e de 8% duas vezes ao ano referente ao tributo assistencial.” De todos os descontos, Souza apóia apenas o imposto sindical, que debita um dia de trabalho de cada associado no mês de março.

O presidente do Sindicato dos Rodoviários do ABC (com mais de 5,6 mil associados), Francisco Mendes da Silva, afirmou que o novo sindicato enviou um comunicado para as empresas informando que elas não deveriam mais recolher os tributos para o Sindicato dos Rodoviários do ABC porque o juiz da 6ª vara havia aceitado o pedido do desmembramento. “Na audiência, porém, o juiz esclareceu que em hipótese alguma autorizou o desmembramento do sindicato.”

Para Silva, esta briga resultará em uma divisão dos trabalhadores, o que só interessa aos empresários, que garantem o lucro. “Ao invés de querer o poder, eles deveriam montar uma chapa para disputar democraticamente nas eleições do sindicato, em 2004”, afirmou.