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Representatividade indígena é tema de mesa literária da Flirp

Evento que homenageia escritor Ariano Suassuna acontece neste fim de semana, no Paço Municipal de Ribeirão Pires

Beatriz Mirelle
30/08/2024 | 21:11
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FOTO: Laura Ramos/Secom Ferraz

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A representatividade dos povos originários será tema de uma das sete mesas literárias da 3ª edição da Flirp (Feira Literária de Ribeirão Pires). O evento ocorre neste final de semana, das 10h às 19h, no Paço Municipal (Rua Miguel Prisco, 288). A entrada é solidária, com doação de um quilo de alimento não perecível ou de ração para pet. Neste ano, a programação homenageia o escritor paraibano Ariano Suassuna (1927-2014), criador do Movimento Armorial. 

As escritoras Cacica Jaqueline Haywã, da Família Pataxó Hã Hã Hãe, e Trudruá Dorrico, da etnia Macuxi, são as convidadas da roda “A questão indígena na literatura brasileira”, mediada por Ricardo Ramos Filho, neto de Graciliano Ramos e curador da Flirp. O debate está programado para ocorrer neste domingo, às 13h. 

“As nossas histórias costumam ser contadas de forma oral. Publicar livros é uma forma de eternizá-las. Ainda temos muito para melhorar quando se fala de representatividade, mas o caminho está aberto. Fico feliz que a cidade tenha planejado esse encontro. Sei que a minha presença e a da Trudruá Dorrico podem estimular outros parentes a começarem a escrever também. As pessoas devem se acostumar a abordar a literatura a partir de outras perspectivas”, analisa Jaqueline Haywã, moradora do Bairro Santa Luzia e autora dos livros Reconstruindo a história e Feminino infinito. “Ariano Suassuna reforçava a simplicidade, conexão e exaltação das culturas populares, assim como nós.”

Para o curador Ricardo Ramos Filho, enaltecer obras feitas pelos povos originários deveria ser uma tradição das feiras literárias. “Alguém pode argumentar: ‘Mas isso não tem nada a ver com o Ariano’. Nós acreditamos que a literatura fala de tudo. Os indígenas têm de estar em todas as cenas, têm de falar sobre os seus textos, têm de opinar sobre os autores homenageados. Por isso, as presenças delas são indispensáveis na Flirp”, disse em entrevista recente ao Diário. 

“A Feira Literária de Ribeirão Pires é um ponto de encontro para diferentes linguagens culturais, organizadas em torno da riqueza da literatura nacional. Além de trazer vida e obra de Ariano Suassuna, teremos a presença de grandes editoras, de autores independentes, lançamentos, a presença de alunos das escolas municipais e da Emarp (Escola Municipal de Artes) e muitas outras novidades para encantar o público”, detalha Talyta Nunes, integrante da comissão organizadora da Flirp. 

As editoras confirmadas são ABarros, Cloe, Cintra, Rua do Sabão, SPVI, Dionisi, Império dos Livros, Planeta, Global, Sesc e Patuá.

HORÁRIOS DAS MESAS 

A abertura será neste sábado, às 13h, com o tema “Vida e Obra de Ariano Suassuna”, com Marcelino Freire e Ricardo Ramos Filho. Em seguida, haverão entremesas de atividades com Fundação Dorina Nowill e oficina de literatura de cordel. A primeira mesa acontecerá às 15h, sobre “Universo Feminino de Ariano Suassuna”, com Stella Maris Rezende e Beatriz Santana. Depois, ocorrerão as entremesas “Feminino Infinito” e oficina de colagravura. Para finalizar o primeiro dia, está programado o debate “O teatro de Suassuna”, às 17h, com o artista Valdeck de Garanhuns. 

No domingo, a mesa “A importância das bibliotecas para a comunidade” está marcada às 11h, com Pierre Ruprecht e Valéria Valls. Após isso, “A questão indígena na literatura brasileira”, às 13h, e entremesas “Avós da Razão” e oficina de xilogravura. A sexta mesa planejada será às 15h sobre musica armorial, com Antônio Nóbrega (Quinteto Armorial). Seguida por entremesa de oficina de pintura armorial. O encerramento fica com a temática “O humor de Ariano como expressão de inteligência”, abordado por José Roberto Torero e Marcus Aurelius Pimenta, às 17h. 

Os dois dias da feira terão a Cia do Liquidificador, às 13h e às 15h, com literatura de cordel, e a pescaria de livros, das 13h às 17h, com a Cia Circo de Trapo. Neste sábado, o Grupo Teatro de Mamulengo vai contar ao público a história de Simão e o Boi Pintadinho, às 15h. 

Autores independentes ganham espaço

A 3ª edição da Flirp (Feira Literária de Ribeirão Pires) trará programação com a participação de 18 autores independentes da região, além de uma série de lançamentos neste fim de semana. Neste sábado, a partir das 13h, o público poderá acompanhar o lançamento de Poéticas do Tempo, coletânea de poesias de Waleria Volk com reflexões sobre duas décadas de vivência em Paranapiacaba durante 2002 e 2022. 

Depois, das 15h às 16h30, Vanessa Leite, presidente da Associação Casa do Senhor, do Zaíra, em Mauá, lançará o livro A Princesa da Água. 

“Ver que Ribeirão possibilita que autores de outras cidades divulguem seu trabalho é algo fantástico. É uma forma de valorizar a literatura regional. As pessoas têm deixado os livros de lado por causa da internet. Feiras como essa ajudam a reacender essa conexão com a leitura, que é essencial para o desenvolvimento do senso crítico do ser humano, Também promovem o encontro entre escritores e leitores, Isso gera aproximação. Fico feliz de ter a chance de falar sobre preservação ambiental no evento, com uma obra para crianças”, diz Vanessa. 

Em seguida, das 17h às 18h30, Carlos Enrico vai apresentar a obra As Marés do Meu Ser, que mescla crônicas, contos curtos, prosas poéticas e ensaios descritivos. O encerramento fica com Pitadas do Cotidiano, composta por narrativas curtas e diretas, além de ilustrações minimalistas. Os textos são dos autores Valéria Aveiro, Marcia Plana, Valdemir Carmo e Marcos Moreira, das 19h às 20h30. 

No domingo, a jovem ribeirão-pirense Larissa Pedro, 17 anos, lança o seu primeiro livro Entrelinhas da Minha Alma durante a Flirp.




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