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PT de Sto.André esquece o prefeito Celso Daniel
Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
19/01/2005 | 14:24
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O Partido dos Trabalhadores de Santo André esqueceu seu filho mais ilustre na cidade. Às vésperas de lembrar os três anos da morte do prefeito Celso Daniel, assassinado em 20 de janeiro de 2002, nenhuma grande homenagem está prevista em Santo André, cidade que o elegeu por três vezes. A importância do político, não só para o município mas também para a região e para o Brasil, parece ter se distanciado do Grande ABC. Nem mesmo a cúpula do diretório petista sabe o que será feito para recordar um dos grandes articuladores do partido, que teve a brilhante trajetória interrompida pela brutalidade.

O pouco caso com a data também bateu às portas da Prefeitura, que chegou a publicar, em dezembro de 2002, ano da morte do prefeito, lei municipal que instituiu o Dia do Combate à Violência na cidade em 20 de janeiro. O projeto da vereadora Maria Fernandes da Silva, a Loló (PT), pretendia também lembrar a morte do prefeito. Mas a lei foi ignorada. A administração prevê apenas uma visita do prefeito João Avamileno (PT) ao túmulo de Celso Daniel, no Cemitério da Saudade, na Vila Assunção.

E não é apenas no Grande ABC que o surto do esquecimento atacou. O PT nacional também priorizou outros assuntos. Segundo o deputado federal e líder do governo na Câmara, Luiz Carlos da Silva, o Professor Luizinho (PT), não há nada previsto. Embora tenha afirmado na semana passada que uma reunião definiria a agenda de homenagens, o petista disse que a campanha de Luiz Eduardo Greenhalgh (PT) para a presidência da Câmara tem tomado tempo. “Eu vim para Brasília fazer a campanha do Greenhalgh e por isso não estou inteirado no assunto”, justifica Luizinho. Ele garante que nesta quarta conversará com o presidente nacional da legenda, José Genoino, para falar sobre possível homenagem a Celso.

Cristina Pechtoll, presidente do PT de Santo André, justifica a demora pela definição por causa das férias de janeiro. “Ninguém estava na cidade”, explica. Apenas na noite desta quarta-feira, poucas horas antes do dia 20, o diretório realizará reunião para, entre outras pautas, discutir se fará alguma homenagem ao principal nome do partido na cidade.

É a primeira vez, desde a morte do prefeito, que o partido e a Prefeitura não se mobilizam para prestar homenagens a Celso Daniel. Exatamente um ano depois do crime, que teve repercussão internacional, um ato ecumênico foi organizado, reunindo as lideranças políticas da região, membros da administração municipal e familiares do prefeito morto. Cerca de 2,5 mil pessoas compareceram ao ginásio do Parque Celso Daniel em homenagem à memória do líder petista.

Em 2004, a discrição marcou o segundo aniversário da morte. Mesmo assim a homenagem aconteceu: a administração do prefeito João Avamileno (PT) realizou ato cívico de apenas 15 minutos para relembrar os dois anos da morte do petista.

Memória – Há exatamente três anos, o prefeito foi seqüestrado em São Paulo quando voltava de um jantar com o amigo e empresário Sérgio Gomes da Silva. Um dia depois, o corpo de Celso foi localizado por um caseiro em uma estrada de terra em Juquitiba, município da Grande São Paulo. As investigações foram solucionadas rapidamente, com a conclusão de crime comum. Os envolvidos no seqüestro e morte do prefeito foram presos.

Celso Daniel foi eleito prefeito três vezes, em 1988, 1996 e 2000. No último mandato, cumpriu apenas um ano à frente da administração, sendo substituído por Avamileno após o assassinato. Além de prefeito, o petista foi o grande mentor e articulador do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, em 1991, consolidando o sonho de integração regional. Era também o nome forte do presidente Luiz Inácio Lula da Silva na região e comporia o primeiro escalão da equipe do governo.

Familiares de Celso Daniel informam que haverá missa nesta quinta-feira, às 19h, na Igreja do Carmo, no Centro, e convocam para a cerimônia “todos aqueles que desejam que o legado deixado por ele continue vivo e que se faça justiça”. Na semana passada, Bruno Daniel, um dos irmãos do prefeito, informou que seria decidido se haveria algum outro ato, mas a família optou apenas pela missa.



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