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‘Trabalhadores com boa saúde mental tendem a ser mais engajados’

Empresas têm discutido cada vez mais a importância de um ambiente saudável

Artur Rodrigues
14/07/2024 | 07:00
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FOTO: Freepik


O debate sobre saúde mental no ambiente de trabalho ainda é um dos maiores tabus dentro de empresas. O crescente número de casos de pessoas afastadas por causa de transtornos não é um fenômeno isolado. De acordo com o psicólogo e teólogo Juliermeson Garcia, o principal desafio para os empregadores está em reconhecer a importância da questão.

“Acredito que o primeiro passo prioritariamente seja reconhecer a importância do tema e comprometer-se com ele. O que deve ser demonstrado por meio de ações como educação e conscientização sobre a importância da saúde mental entre todos os colaboradores, o estabelecimento de políticas claras de suporte à saúde mental e o fornecimento de acesso a recursos como programas de assistência ao funcionário, acesso a psicólogos e a outros benefícios relacionados à saúde mental”, avalia Garcia. 

Pesquisa desenvolvida pela UFPel (Universidade Federal de Pelotas) mostrou que a quantidade de pessoas afastadas do trabalho em decorrência de transtornos mentais, como ansiedade e depressão, aumentou 38% em 2023. Foram registrados 288.865 casos relacionados à incapacidade ocasionada por problemas de saúde mental no ano passado, ante 209.124 contabilizados em 2022. 

“Pesquisas indicam que trabalhadores com boa saúde mental tendem a ser mais engajados, com boas motivações e produtividade. Podemos destacar alguns resultados importantes, como a redução do absenteísmo e menor rotatividade. Ou seja, uma boa saúde mental contribui para a satisfação no trabalho, o que pode reduzir a rotatividade entre os funcionários. Por engajamento, podemos apontar a mútua colaboração positiva entre os colegas. Além do que, um estado mental saudável promove a oportunidade para experimentar novas ideias e soluções criativas”, aponta Garcia. 

De acordo com dados revelados pelo Fórum Econômico Mundial, a saúde mental gera um custo global de cerca de US$ 6,6 trilhões, considerando despesas médicas, perdas por absenteísmo e aposentadorias precoces. No Brasil, os gastos representam 5% do PIB (Produto Interno Bruto). Segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde), cerca de 9% da população brasileira sofre com ansiedade. Outro levantamento, feito pela Vittude – plataforma on-line voltada para a saúde mental no trabalho –, aponta que 37% das pessoas sofrem com estresse severo no trabalho, enquanto 59% se encontram em estado máximo de depressão.

Lei incentiva conscientização sobre o tema

O presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), sancionou em março deste ano a lei n° 14.831/2024, que estabelece que empresas reconhecidas como promotoras de saúde mental e do bem-estar entre seus funcionários podem receber um certificado especial a ser concedido pelo governo federal. 

A concessão será feita por comissão certificadora nomeada pelo governo federal, que irá verificar as condições previstas em lei, e terá validade por dois anos, período após o qual a empresa passará por nova avaliação para conseguir outro certificado. 

A lei estabelece critérios e diretrizes para que as empresas demonstrem seu compromisso com o bem-estar psicológico de seus colaboradores. Entre elas, estão: o desenvolvimento e implementação de programas específicos no local de trabalho; acesso e apoio psicológico e psiquiátrico; campanhas e treinamentos para aumentar a conscientização sobre a importância da saúde mental, com ênfase especial na saúde mental das mulheres; entre outras. 

Quanto ao bem-estar, a lei exige que as empresas garantam condições de trabalho que promovam a segurança e a saúde, incentivem práticas que permitam aos empregados equilibrar suas responsabilidades profissionais e pessoas, promovam a prática de atividades físicas e de lazer, incentivem hábitos de alimentação saudável e promovam um ambiente de trabalho em que aja interações positivas entre os funcionários. 

A lei também estabelece que as empresas devem ter transparências e prestar contas sobre as políticas promovidas em prol da saúde mental de seus funcionários. Elas também devem criar um canal de comunicação no qual os empregados possam oferecer sugestões e avaliar as iniciativas de saúde mental, além de estabelecer metas e realizar análises periódicos dos resultados das ações implementadas. 

Para o psicólogo e teólogo Juliermeson Garcia, a medida é um dos pontos fundamentais para que uma empresa ofereça aos seus colaboradores um ambiente saudável. 

“É muito importante que haja uma escuta ativa, onde os canais de comunicação são implementados e, assim, os colaboradores possam expressar suas preocupações e necessidades relacionadas à saúde mental de forma segura e confidencial”, avalia Juliermeson Garcia. 




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