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Falta professor no 1º dia de aula
Aline Mazzo
Do Diário do Grande ABC
12/02/2007 | 23:30
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O primeiro dia de aula do ensino municipalizado em São Caetano começou a mostrar as deficiências do novo sistema. Em uma das 10 escolas estaduais que passaram a ser administradas pela cidade desde esta segunda, faltaram professores e alunos de quatro salas de aula foram dispensados.

A filha da operadora de telemarketing Camila Teixeira, 31 anos, nem chegou a entrar na escola Senador Fláquer. “Logo de cara fui avisada que a Prefeitura não tinha mandado professores e que as aulas estavam suspensas. Talvez amanhã (terça) esteja normalizado”, diz, indignada. Segundo informações de mães, quatro salas da escola não tiveram aulas nesta segunda-feira por falta de professores.

A Prefeitura não soube informar o que ocorreu na escola e por que faltaram funcionários, mas informou que vai verificar a denúncia das mães.

Nas outras escolas, os pais estavam esperançosos de que a municipalização melhorasse a qualidade do ensino na cidade. “Acho que agora a educação vai ter mais dinheiro”, arriscou o servidor público Fernando da Silva, que tem dois filhos matriculados na escola 28 de Julho.

A comerciante Marli Salvalaio, 42 anos, acha que a administração municipal pode dar mais atenção às escolas. “Agora o prefeito tem a obrigação de melhorar o esporte, que está um pouco esquecido.”

A diretora de Educação de São Caetano, Magali Pinto, explica que a municipalização foi motivada pela grande demanda de pais querendo matricular seus filhos em escolas municipais.

Segundo Magali, os alunos da rede municipal poderão ser reprovados – ao contrário do sistema estadual de progressão automática. Os professores concursados da rede estadual ainda serão aproveitados pelo município. “Todos passarão por um curso de capacitação para corrigirmos algumas diferenças”, explica Magali.

A socióloga e pesquisadora da Fundação Carlos Chagas Angela Maria Martins, que tem pesquisas publicadas na área de municipalização, diz que a mudança é uma tendência. Setenta por cento do Estado de São Paulo já tem educação básica independente.

Para Angela, o processo é caro. “Em alguns casos, a municipalização é mais um acordo político para a prefeitura ajudar a desafogar o Estado, do que um projeto educacional.”

Como trata-se de convênio com o governo estadual, o município recebe contrapartida: o repasse do Fundef (Fundo de Manutenção do Ensino Fundamental). A Prefeitura de São Caetano não informou quanto será investido nas escolas nem qual será a verba recebida do Fundef. Para o presidente a Apeoesp (Sindicato dos Professores da Rede Estadual de Ensino) da cidade, Carlos Ramiro de Castro a municipalização fragmenta o ensino e impede que alunos de outras cidades estudem nas escolas. “Todos perdem. Os alunos, a região, o orçamento da cidade e os professores.”



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