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Mostra Internacional de Cinema adota selo BR
Cássio Gomes Neves
Do Diário do Grande ABC
07/10/2001 | 20:04
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  A propósito de seus 25 anos, a Mostra Internacional de Cinema de São Paulo celebra uma milionária parceria e reclama uma inadimplência. O maior evento cinematográfico paulista fechou contrato de patrocínio com a BR Distribuidora por três anos, e passa a se chamar Mostra BR de Cinema. Para inaugurar a parceria neste ano, a empresa subordinada à Petrobras liberou R$ 1,6 milhão para a realização da Mostra, prevista para começar no próximo dia 19. Consolida-se assim a hegemonia do selo BR no patrocínio de quase tudo que se faz no cinema nacional, do Festival de Gramado ao Festival Rio BR, além de filmes.

O apoio está acertado, ao contrário de uma inadimplência que a 25ª edição herdou do ano passado, quando a sala de projeção do Masp (Museu de Arte de São Paulo Assis Chateubriand) integrava a sua infra-estrutura. “Nós tiramos o Masp da programação porque tomamos um calote deles”, diz Leon Cakoff, organizador e criador da Mostra. “No ano passado, antecipamos recursos de R$ 8 mil para que eles reformassem os projetores. Na hora de repassar a bilheteria – que quitaria o empréstimo – nada foi pago. Arcamos com um prejuízo de mais de R$ 30 mil”, afirma Cakoff, em tom de protesto.

Sai o Masp e entram o Unibanco Arteplex e o novo Cineclube DirecTV (ex-Vitrine) para engrossar a lista de salas da Mostra de São Paulo. Mas nenhuma delas será utilizada na abertura do evento que, pela primeira vez desde 1977, será inaugurado com um show musical. O cineasta Emir Kusturica vem à capital paulista acompanhado de sua banda, a The No Smoking Orchestra, para duas apresentações gratuitas, dias 17 e 18, no DirecTV Music Hall. A exibição de Memórias em Super-8, seu mais novo filme, e uma retrospectiva marcam a presença do diretor iugoslavo no Brasil.

Kusturica encabeça a lista VIP de convidados. Comparecem na cidade o ator Jean-Pierre Léaud (alter ego de François Truffaut em cinco filmes auto-referentes do francês) e os diretores Danis Tanovic (Terra de Ninguém), Aktan Abdykalykov (O Chimpanzé) e Jan Cvitkovic (Pão e Leite), entre outros.

A variedade continua a ser a força motriz da Mostra. À frente das atrações estão Apocalypse Now Redux, versão com 50 minutos a mais da fita carbonária de Francis Ford Coppola, e O Quarto do Filho, filme de Nanni Moretti que levou a Palma de Ouro em Cannes neste ano. O português Manoel de Oliveira – presente com os filmes Vou para Casa e Porto da Minha Infância – e veteranos do quilate do brasileiro Nelson Pereira dos Santos, que exibe o curta inédito Compadre de Zé Kéti junto à reprise de Vidas Secas, dividem a cena com os novatos (e competentes) Luiz Fernando Carvalho (do premiado Lavoura Arcaica) e Michael Haneke (do instigante A Professora de Piano) dentro da quilométrica lista de quase 150 filmes, apresentados até 1º de novembro.




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