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‘Precisamos olhar para os rios invisíveis’, diz Marina Silva

Ministra do Meio Ambiente aborda questões climáticas em encontro com Luiz Fernando

Artur Rodrigues
23/06/2024 | 10:00
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Lukas Kappaz/Divulgação

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As recentes e históricas inundações ocorridas no Rio Grande do Sul mostraram a importância de se debater políticas de combate às enchentes, avaliou a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva (Rede). Em evento realizado em São Bernardo com o deputado estadual e pré-candidato a prefeito pelo PT, Luiz Fernando Teixeira, Marina analisou a situação ocorrida no estado gaúcho e também os problemas enfrentados por várias cidades brasileiras, inclusive as do Grande ABC, em épocas de chuva. 

“Precisamos olhar para os rios invisíveis, que passam por baixo das ruas, das calçadas e de nossos prédios. Temos de olhar para essa situação e reconhecer que nossas atitudes são as grandes causadoras desse caos”, declarou a ministra.

A catástrofe no Rio Grande do Sul já deixou ao menos 177 mortos, de acordo com a Defesa Civil do Estado, que ainda conta com 478 municípios afetados pelas fortes chuvas.

Embora o Grande ABC nunca tenha sofrido tragédias desta magnitude, as enchentes são problemas recorrentes na região. Estudo divulgado em abril pelo governo federal apontou que as sete cidades estão localizadas em áreas de risco recorrente para desastres ambientais, como deslizamentos de terra, enxurradas e inundações. Na região, 288.248 pessoas residem em áreas de perigo em cinco municípios – o estudo não traz dados de São Caetano e Ribeirão Pires. 

Em 2019, o Grande ABC registrou uma das piores enchentes da história, que deixou dez mortos e 284 desabrigados.

Além das mudanças climáticas provocadas pela ação humana, que têm intensificado os desastres ambientais, o intenso e acelerado processo de urbanização das cidades é uma das principais causas de inundações, analisou Marina. 

“Se engessarmos nossas veias teremos um colapso. É a mesma coisa que acontece com os rios de nossas cidades. Nós os cobrimos com concreto e mais concreto, mas a natureza encontra outras formas de fazer a água passar, provocando inundações. Temos de criar espaços para que a água passe. Construir piscinões é importante, mas só isso não basta, como vemos todos os anos. Precisamos fazer com que as cidades sejam resistentes às chuvas ao invés de apenas criar grandes reservatórios de armazenamento de água. Porque, em algum momento, não haverá espaço suficiente nesses reservatórios”, disse a ministra. 

Outra questão abordada por Marina Silva diz respeito à relação entre desastres naturais e desigualdade social. Segundo o mesmo levantamento da União, as populações mais pobres são mais suscetíveis a sofrer com catástrofes. 

“Está tudo relacionado. Os principais desastres acontecem em regiões mais pobres e isso se deve à intensa urbanização desordenada que nosso país tem vivido nos últimos anos. Pessoas mais pobres são deslocadas para morros e acabam residindo em áreas de risco. Combater a desigualdade está diretamente ligado à prevenção de desastres”, afirmou.

“Enquanto outras cidades plantam mais árvores, a Prefeitura de São Bernardo, quando não tira a copa, tira a árvore. O prefeito também acabou com todos os programas do governo Luiz Marinho (PT), como a coleta seletiva porta a porta. O meio ambiente em São Bernardo precisa ser recuperado”, disse Luiz Fernando. <TL> 




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