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Empresas pedem ao BNDES facilidades para acesso a crédito
Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
18/10/2003 | 20:18
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O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) poderá retomar de fato sua função de fomentar a atividade econômica nacional, por meio de uma política de incentivo a pequenas e médias empresas, que havia abandonado, mas para isso terá de aprimorar as condições de acesso a suas linhas de crédito, atualmente bastante restritivas. A avaliação é de diversas entidades empresariais, entre elas a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e associações e sindicatos industriais.

Há poucos dias, o banco divulgou uma versão preliminar de suas políticas operacionais para 2004, em que destacou 18 setores estratégicos que receberão tratamento prioritário do banco, por meio de linhas especiais de crédito. Entre os segmentos estão o de autopeças, máquinas e equipamentos, plásticos e a indústria de móveis. Entre os objetivos do plano estão incentivar a modernização da estrutura produtiva, oferecer apoio às micro, pequenas e médias empresas e promover as exportações.

O banco ainda discute a formatação final do programa, e um dos pontos que pode ser mudado em função das reivindicações dos empresários é o limite mínimo de R$ 10 milhões nas regiões Sul e Sudeste para o financiamento direto, sem a necessidade de intermediação de um agente financeiro, valor que seria baixado para R$ 2 milhões. O vice-presidente da Fiesp, Mário Bernardini, afirmou que é elogiável a intenção do banco de retomar sua função de fomento e disse que a redução do limite mínimo é uma das demandas da federação. A medida poderia atrair os bancos comerciais e ampliar a competição por esse mercado.

O problema do acesso é um dos principais verificados pelo empresariado. “Nos empréstimos que dependem dos agentes financeiros, os empresários caem em uma malha de exigências e só obtém o financiamento quem não precisa”, disse o vice-presidente do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Fausto Cestari Filho, que acrescentou que a maior parte das pequenas empresas tem projetos que não ultrapassam R$ 500 mil.

Esforço –“Sempre tivemos muita dificuldade no acesso ao crédito”, afirmou o presidente do Sindicato da Indústria de Móveis de São Bernardo, Hermes Soncini. O setor na região, que concentra 400 empresas e 8 mil empregos, tem exportações incipientes. O dirigente espera que os planos do banco sejam implementados. O sindicato se esforça para se modernizar e ampliar as vendas ao exterior. Desde outubro do ano passado a entidade tem um contrato com a Apex (Agência de Promoção às Exportações) de apoio a um consórcio de exportação. Em 2004, a região ganhará um centro tecnológico moveleiro, uma parceria dos empresários do setor com o Senai.

Outro segmento importante, o de plástico, destaca a necessidade de financiamento. “Há empresas com maquinário obsoleto e somos deficitários em US$ 300 milhões na balança comercial”, disse o presidente da Abiplast (Associação Brasileira da Indústria de Plástico), Merheg Cachum. A entidade tem um programa, com o apoio do governo, para ficar superavitário em US$ 1 bilhão em dez anos. “Mas a ajuda do BNDES é fundamental. No México, a indústria tem juros de 2,5% ao ano para compra de máquinas. Estamos longe disso.”




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