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Para evitar boatos sobre saúde de Sharon, Israel opta por transparência
Da AFP
07/01/2006 | 16:14
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Os médicos e as autoridades israelenses não querem que o primeiro-ministro Ariel Sharon passe a fazer parte da lista de dirigentes cujas doenças estão envoltas em mistério e decidiu comunicar pontualmente o que ocorre no hospital Hadassa de Jerusalém.

Na quarta-feira, meia hora depois da entrada de Sharon no setor de neurocirurgia do centro médico, o hospital informou aos jornalistas que o primeiro-ministro sofria de um "sério acidente vascular cerebral". Desde então, não faltam boletins médicos, comunicados ou informações dos porta-vozes.

O diretor do centro, Shlomo Mor Yosef, se comprometeu a manter a imprensa informada sobre qualquer mudança significativa no estado de saúde do paciente.

A situação é exatamente contrária à ocorrida com o dirigente palestino Yasser Arafat, morto em novembro de 2004 em Paris após vários dias de hospitalização, durante os quais a única coisa que se pôde saber, em meio a uma chuva de rumores, é que o líder se encontrava "estável".

O mesmo aconteceu com a súbita hospitalização de Jacques Chirac em setembro, devido a um pequeno AVC (acidente vascular cerebral). Durante uma semana, o mistério sobre o estado de saúde do presidente, de 73 anos, foi total e provocou diversas críticas na França.

O último caso foi o do dirigente argelino Abdelaziz Buteflika, internado durante várias semanas em Paris desde o final de novembro. Poucos boletins médicos foram divulgados a respeito do estado de saúde do líder.

No caso de Sharon, com um pouco de paciência é inclusive possível telefonar para o neurologista responsável pela operação, o argentino Félix Umansky, que além de informar sobre o estado de saúde do premiê, está disposto a explicar pacientemente aos jornalistas em que consiste um edema cerebral, a pressão intracraniana ou uma hemorragia residual.

Além disso, os representantes médicos do centro hospitalar transmitem suas esperanças, desmentem informações dadas por outros especialistas sobre o estado de saúde de Sharon e comunicam os futuros exames que planejam realizar.

Na sexta-feira, quando o primeiro-ministro foi operado durante cinco horas de forma inesperada, as dezenas de jornalistas que esperavam notícias na porta do hospital foram informados pontualmente da nova intervenção cirúrgica e de sua conclusão.

A princípio, em Israel nada obriga um chefe de governo a divulgar o resultado de um exame médico, mas Sharon abriu um precedente ao informar o seu em dezembro para tranqüilizar seus compatriotas.

Até o momento, o primeiro-ministro, de 77 anos, se vangloriava de ter uma saúde de acusar inveja aos seus adversários, apesar de lutar em vão há 30 anos contra a obesidade.

No passado, Sharon, que sofre de uma pequena surdez, foi hospitalizado por dois ferimentos de guerra, com pedras nos rins e devido a um pequeno tumor na cabeça.

Aqueles que seriam seus dois principais rivais nas eleições legislativas antecipadas do dia 28 de março, Amir Peretz, líder trabalhista, e Benjamin Netanyahu, chefe do Likud (direita), informaram recentemente que também estavam dispostos a divulgar qualquer notícia sobre seus estados de saúde.



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