Adauto Campanella ‘ratifica a suspeita da utilização indevida dos ativos financeiros’ da própria mãe a juiz
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Assessor da superintendência do Saesa (Sistema de Água, Esgoto e Saneamento Ambiental) de São Caetano, com salário de R$ 11.400, Adauto Cleto Campanella foi à Justiça para endossar a denúncia de que o irmão, o vereador e pré-candidato a prefeito Tite Campanella (PL), desviara irregularmente dinheiro das contas-correntes da mãe, Aracy Torres Campanella (1925- 2008).
Documento datado de 19 de janeiro de 2007, assinado por Adauto, comunica ao então juiz da 3ª Vara Cível da cidade, Sergio Noboru Sakagawa, que ele “ratifica a suspeita de utilização indevida dos ativos financeiros” da mãe pelo irmão e que, por isso, é favorável à interdição de Aracy, assim como solicitado pela irmã, Marisa Campanella Bastos.
No último sábado, quando o Diário publicou reportagem mostrando que Tite Campanella fora condenado na Justiça por desvio de dinheiro da mãe, Adauto passou a dizer a interlocutores, segundo apuração da equipe de reportagem, que nem ele nem Marisa processariam o irmão na Justiça.
Tite Campanella foi condenado pela Justiça pelo desvio de R$ 168.026,73 de contas-correntes de Aracy. Na época, o liberal abriu mão da herança familiar para quitar a dívida com os irmãos.
Quando o processo foi aberto, em 2007, Aracy sofria de Alzheimer, motivo pelo qual foi representada pela filha, Marisa. Cópia da ação, obtida pelo Diário, mostra que o vereador foi acusado de, aproveitando-se da condição de saúde da mãe, fazer saques constantes do banco sem prestar contas aos familiares.
EXONERAÇÃO
Na época em que assumiu a Prefeitura como interino, Tite foi forçado pelo Ministério Público a exonerar Adauto de cargo comissionado no governo. Em 2021, o Diário mostrou, em 5 de agosto, que o irmão do chefe do Executivo ocupava o cargo de assessor da superintendência no Saesa, o que configurava nepotismo.
Após o MP instaurar inquérito, Adauto foi demitido, em portaria assinada pelo superintendente do Saesa, Rodrigo Toscano. A exoneração foi publicada no Diário Oficial de 13 de setembro, quase 40 dias depois de o jornal revelar a irregularidade.
Adauto, que é advogado e ex-vereador, alegava que sua nomeação havia sido feita ainda no governo de José Auricchio Júnior (PSDB) e que entendia não haver nepotismo por não ser “subordinado ao prefeito”.
Diário tentou ouvir Tite, nesta segunda-feira (3), mas ele não respondeu. Adauto não foi localizado.
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