Hospital no Centro ficou sem médico à noite para atender crianças; contrato de R$ 238 milhões com associação prevê quatro profissionais no período
“O atendimento pediátrico deste equipamento é a referência municipal da rede de saúde”. O trecho se refere ao Pronto-Socorro Central, no Quarteirão da Saúde, em Diadema, descrito no contrato de número 001/2023, firmado entre a Prefeitura e a SPDM (Associação Paulista para o Desenvolvimento da Medicina), responsável pela gestão da saúde no município. Porém, a realidade que os pacientes enfrentam no equipamento é outra: demora no atendimento e falta de médicos para atender à população são as principais reclamações.
Usuários enfrentaram caos na noite de domingo (28) para conseguir atendimento na unidade. Com a recepção cheia de crianças, a maioria com sintomas gripais, os pais esperaram, em média, duas horas até receberem a informação de que não tinha pediatra disponível para dar conta da demanda. Segundo relatos, três profissionais faltaram, e uma médica chegou a ir ao local, mas teria passado mal e ido embora.
Conforme especifica o contrato firmado entre a gestão de José de Filippi Júnior (PT) e a SPDM, no valor de R$ 238 milhões, a equipe mínima estabelecida para o Pronto-Socorro Central é de 138 médicos, sendo 75 clínicos gerais e 57 pediatras. Do total de médicos especialistas, 28 são destinados apenas para o período noturno – cerca de quatro médicos por dia. Do total repassado à associação para gestão dos equipamentos de saúde, R$ 19,8 milhões são para custeio do Pronto-Socorro Central.
A informação de que não havia pediatras disponíveis só foi repassada aos pacientes após princípio de confusão envolvendo os familiares. Um funcionário do equipamento, que não será identificado por medo de represálias, disse que após aguardar por horas sem nenhuma justificativa, os pais se revoltaram e começaram a exigir informações dos atendentes, ameaçando entrar nas dependências da unidade. Para conter a situação, a GCM (Guarda Civil Municipal) foi acionada.
“Foi quando enviaram uma van para levar alguns pacientes, cerca de 15, para serem atendidos na UBS (Unidade Básica de Saúde) Eldorado. Essa não é a primeira vez que fica sem pediatra no pronto-socorro, é uma situação recorrente, ou tem poucos médicos, ou não tem. A saúde está abandonada em Diadema, e não é de hoje isso e nem apenas em uma unidade”, afirmou o funcionário.
A auxiliar de cozinha Ana Carolina Silva, 38 anos, foi uma das pacientes levadas até a UBS por causa da falta de pediatra no pronto-socorro. Ela chegou ao equipamento por volta das 18h com o filho de 11 meses, e aguardou por atendimento até as 20h.
“Quando fomos atendidos na UBS Eldorado, às 22h, meu filho já estava com 39 graus de febre. Foi muito descaso, poderiam ter avisado sabe? Tinha umas 30 crianças no pronto-socorro, a maioria delas com febre, e ninguém falava nada. Foi quando percebemos que ninguém era chamado no consultório e confrontamos a equipe”, contou Ana Carolina. A criança, que estava com suspeita de pneumonia, foi medicada, passou por exames e foi constatado que o pulmão estava limpo.
Questionada, a Prefeitura de Diadema informou que no domingo três pediatras estavam escalados para o plantão noturno, mas apresentaram atestado médico. “Até a viabilização de outros médicos para esta cobertura do atendimento, foi oferecido transporte até o Pronto Atendimento Eldorado, onde contávamos com a escala completa de médicos pediatras”, finalizou.
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