Política Titulo Caos na saúde
Vereadores protocolam requerimento para convocação de Geraldo Reple

Parlamentares querem explicações sobre negligências no Hospital da Mulher; documento é o primeiro ato contra Morando em todo o mandato tucano

Artur Rodrigues
18/04/2024 | 09:28
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FOTO: André Henriques/DGABC


Vereadores de São Bernardo assinaram requerimento que pede a convocação do secretário de Saúde, Geraldo Reple Sobrinho, para prestar informações sobre os casos de negligência envolvendo duas pacientes gestantes no Hospital da Mulher, conforme publicado pelo Diário nos últimos dias.

Embora assinado por todos os parlamentares, de acordo com informação disponibilizada no portal do Legislativo, o documento não foi votado em plenário na sessão de ontem. Nos corredores da Câmara, há pressão dos legisladores para que a peça seja votada na sessão da semana que vem.

A elaboração do documento representa o primeiro ato contra o prefeito Orlando Morando (PSDB) em todo o mandato tucano. Isso porque 12 dos 28 vereadores estão no grupo do ex-vice-prefeito e ex-deputado federal Marcelo Lima (Podemos), pré-candidato ao Paço. Marcelo rompeu com Morando após não ser indicado pelo chefe do Executivo à sucessão - o prefeito vai apoiar Flávia Morando (União Brasil), sua sobrinha.

Fato que comprova a mudança de postura dos vereadores é que em junho do ano passado houve um pedido de convocação de Reple barrado pela base governista. Na ocasião, a vereadora Ana Nice (PT) protocolou requerimento de urgência para que o secretário fosse ao Legislativo dar explicações sobre o que a petista chamou de “caos e precarização da saúde”, baseada nas denúncias feitas pelo Diário à época, que iam de falta de medicamentos, a UBS (Unidade Básica de Saúde) interditada pela Defesa Civil e alas do HC (Hospital de Clínicas) fechadas. A parlamentar só teve o endosso de seus companheiros petistas, Ana do Carmo e Getulio do Amarelinho, e de Julinho Fuzari (Cidadania).

Dois meses depois, em agosto, a base de Morando voltou a barrar requerimento envolvendo a Secretaria da Saúde. Na ocasião, Julinho Fuzari protocolou o documento solicitando informações sobre a utilização dos R$ 150 milhões enviados pelo governo do Estado diretamente à Pasta comandada por Reple. No entanto, apenas o proponente e a bancada do PT votaram pela aprovação do requerimento. A verba foi anunciada pelo governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) durante a inauguração do Hospital da Mulher, em julho.

NEGLIGÊNCIA

O Diário noticiou nos últimos dias dois casos de negligência envolvendo o equipamento de saúde inaugurado pelo prefeito Orlando Morando (PSDB) há menos de um ano. A primeira ocorrência foi divulgada no domingo, quando uma compressa foi deixada dentro do corpo da jovem Raissa Falosi Santos, 20 anos, após realizar trabalho de parto e colocação de DIU (Dispositivo Intrauterino) na unidade. Raissa conviveu com a compressa (espécie de pano utilizado para estancar o sangue) por 19 dias no interior da sua vagina, próximo ao útero.

No segundo caso, Arthur Henry Coimbra denuncia a morte suspeita de sua esposa, Deisy Coimbra, 29, que ocorreu após o parto da filha no local, há cerca de um mês. A paciente morreu no dia 22 de março, uma semana após dar à luz. Segundo o marido, ela passou mal depois de receber a anestesia.

CÂMARA DESTRAVA CPI

Outro movimento visto como um possível enfrentamento entre a base governista e o prefeito Orlando Morando é o destravamento de CPIs (Comissão Parlamentar de Inquérito) que estavam paradas. O Diário apurou que os vereadores arquivaram três das quatro comissões que estavam abertas.

Os arquivamentos possibilitam a criação de novas CPIs, o que é visto como um recado dos vereadores a Morando. Em meio ao caos na saúde do município, os parlamentares podem solicitar a abertura de uma comissão para investigar os casos de negligência no Hospital da Mulher.  




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