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Na ponta do lápis
Redação
30/03/2024 | 07:01
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 O Grande ABC tem cerca de 3 milhões de pessoas e quase um terço delas estão inadimplentes. Pesquisa da Serasa a pedido desse Diário indica que, em fevereiro, 997.360 pessoas estavam com o nome sujo, ou seja, foram negativadas. O estudo revela também uma redução de 1,07% em relação a dezembro, quando 1.008.187 se encontravam na mesma situação. Na teoria, uma queda importante, mesmo que praticamente irrisória.

O alto número de endividados chama a atenção mesmo em meio à realização do Desenrola Brasil, programa emergencial de renegociação de dívidas promovido pelo governo federal. Lançado no ano passado, tem como meta beneficiar 70 milhões de brasileiros e renegociar ao menos R$ 50 bilhões em dívidas. Fato é que, até o início deste mês, apenas 14 milhões de pessoas haviam negociado dívidas, segundo informações mais recentes da União. Um volume distante do visado pelo Ministério da Fazenda.

O mais preocupante é que o total dos débitos em aberto seguiu tendência contrária e apresentou alta de 1,84% em fevereiro. Passou de R$ 5,95 bilhões em dezembro de 2023 para R$ 6,069 bilhões no mês passado. Um dado preocupa Alexandre Damásio, presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de São Caetano. “A redução da quantidade de endividados e o aumento do tíquete médio das dívidas mostram que as classes média e média alta estão se endividando”, disse.

Com rendimentos entre R$ 4.127,41 e R$ 16.509,66, as duas categorias são responsáveis pela maioria das transações econômicas. Sem acesso a crédito, irão afetar a economia, o que vai na contramão dos planos do governo federal de estimular os negócios e, assim, preservar empregos.

A criação do Desenrola Brasil merece crédito. Uma ajuda paliativa, mas não decisiva. Nesse caso, é essencial uma ação de educação financeira para tentar evitar que os consumidores voltem a ficar negativados, após quitarem suas pendências por meio de ajudas governamentais. Uma maneira de fazer com que as contas fiquem na ponta do lápis. Defenitivamente.




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