Nove diademenses com necessidades especiais esperam na fila por vaga na Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) da cidade. A instituição atende por meio de convênio com a Prefeitura, que reconhece o deficit, mas argumenta não ter dinheiro para ampliar a subvenção que possibilitaria aumentar o número de alunos beneficiados. A falta de recursos certamente não é culpa do contribuinte, submetido a carga tributária pesadíssima, daí que a responsabilidade de encontrar fontes de financiamento deve ser do gestor. O que anda fazendo o prefeito José de Filippi Júnior (PT), aliás, que não tem tempo disponível na agenda para cuidar do caso? Política? Enquanto isso, quem zela pela cidade?

É impossível ouvir as histórias de quem aguarda na fila sem sentir o drama vivido pelas famílias, o que torna a inação do governo com a causa ainda mais inexplicável e revoltante. Entre os candidatos a uma das 705 vagas do convênio municipal com a Apae de Diadema, está Aline Aparecida Miranda Barbosa, 33 anos, que não sabe ler e escrever. Diagnosticada com paralisia cerebral, condição que afetou movimentos de braços e pernas, ela vive em barraco no bairro Eldorado. Sem convívio social algum, a diademense passa o dia deitada sem fazer qualquer atividade, para a angústia da mãe, Vera Lúcia Miranda, 64, que desde o início do ano, incansavelmente, busca matricular a filha na instituição.<EM>

Ao ser questionado sobre a situação, o Paço resume a falta de assistência a questão orçamentária. A administração alega que arca com 80% dos custos operacionais da Apae, embora não abra os números, e empurra a responsabilidade ao Estado, que auxiliaria o município com valores inferiores a 7% dos gastos totais do convênio. Os argumentos, embora razoáveis do ponto de vista técnico, são insuficientes para justificar a negligência às famílias que precisam da assistência de instituição especializada e capacitada no cuidado de indivíduos especiais. Se falta dinheiro para finalidade tão importante, está na hora de Filippi parar de reclamar e ir em busca dos recursos. Chega de insensibilidade!