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Faltam autopeças para caminhões
27/05/2004 | 23:51
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As vendas de caminhões no mercado interno e externo vão tão bem que as montadoras já estão sentindo a falta de componentes para a produção. O grande aumento de vendas está ocorrendo em particular entre os caminhões pesados. As montadoras Volkswagen, DaimlerChrysler (fabricante da marca Mercedes-Benz) e Ford atribuem a demanda interna à expansão do setor agrícola. Nas exportações, a Argentina puxa as encomendas, já que sua recuperação econômica tem sido mais rápida do que o previsto.

As empresas poderiam até estar produzindo mais e contratando mais gente, mas a escassez de materiais impede essas iniciativas. As três companhias tiveram lucro no Brasil na área de caminhões em 2003, mas não o suficiente para dar um bom retorno para os investimentos das matrizes. Elas estimam que a produção de caminhões deve ficar entre 85 mil e 90 mil unidades este ano (foi de 77,8 mil em 2003).

No primeiro quadrimestre, foram produzidos 31,6 mil caminhões, número 20,4% maior do que em igual período do ano passado. Em quatro meses, foram exportados 7,1 mil caminhões, um aumento de 165% sobre igual período do ano passado. A produção de caminhões pesados aumentou 47% no período, para 9,8 mil unidades, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores). O vice-presidente da Volkswagen Veículos Comerciais, Roberto Cortes, afirma que a única fábrica de caminhões da montadora no mundo, em Resende (RJ), está trabalhando com um turno, seis dias por semana, com hora extra. "Só não abrimos mais um turno porque faltam componentes", afirma, acrescentando que a situação deve se prolongar até agosto.

A Volks, a Iveco e a DaimlerChrysler registram falta de materiais como aço e pneus, o que faz com que muitos caminhões sejam montados e fiquem na fábrica à espera da chegada de pneus. A Iveco registra falta de pneus por algumas horas, o suficiente para atrasar a linha de produção. É uma situação bem atípica para a indústria automotiva, que trabalha com logística "just in time", prática que exige fina sintonia com os fornecedores. O diretor de Marketing e Vendas da Daimler, Gilson Mansur, afirma que a empresa já teve até de importar componentes este ano.

Os executivos acreditam que essa explosão de vendas de caminhões não é uma bolha. "É um crescimento consistente, que se deve às safras recordes dos últimos três anos. A necessidade de caminhões para transportar a safra é grande" , diz o diretor de Operações da Ford Caminhões, Flávio Padovan. Segundo Cortes, a indústria, o varejo e a construção não estão crescendo como o setor agrícola e, por isso, a procura de caminhões menores, para entregas urbanas, não tem sido tão alta. "Mas se houver crescimento do PIB haverá um colapso na produção de caminhões", acredita. Ele afirma que os fornecedores não fizeram os investimentos compatíveis com a necessidade das montadoras nos últimos anos, daí a escassez de materiais.

Exportações – Quanto às exportações, só há boas notícias. A Volkswagen Caminhões e Ônibus teve o melhor trimestre de exportações da sua história. A Argentina, o Chile a Venezuela lideram as listas de maiores compradores de caminhões feitos no Brasil. "A recuperação da Argentina e da Venezuela tem sido surpreendente", afirma Padovan. Os dois países passaram por graves crises econômicas e políticas, mas já no ano passado voltaram a fazer boas encomendas.




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