Política Titulo Licitação
Ministério Público apura
documento falso na Craisa

Segundo o denunciante delatou, prestadora de serviço forjou
balanço financeiro de 2008 para atender exigências do edital

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
14/06/2012 | 09:03
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Denúncia protocolada no Ministério Público acusa a Coopersemo (Cooperativa de Serviços de Transportes) de falsificar documentos para participar e vencer licitação para prestar serviço de transportes à Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André). A empresa divulgou dois balancetes financeiros com conteúdos distintos, mas com mesma data. À Junta Comercial, divulgou prejuízo e à Craisa, mostrou superavit.

Denunciante, José Caboclo Neto, antigo presidente da Coopersemo, delatou que a prestadora de serviço teria forjado balanço financeiro de 2008 para atender exigências do edital. O artigo 8.12, do anexo 1º, do processo licitatório, obrigou participantes do certame a apresentar balanço patrimonial que "comprove boa situação financeira".

Segundo a denúncia, o documento protocolado na Craisa maquiava o saldo da Coopersemo. À autarquia andreense, a cooperativa informou ganhos de R$ 1,05 milhão em 2008. Contudo, à Junta Comercial apresentou balanço negativo no mesmo período, de R$ 470,1 mil.

Apesar de o balancete financeiro não ter constado entre as exigências do edital da Craisa, a documentação positiva foi decisiva para a empresa ingressar na licitação. Em um ano e meio de contrato, a prestadora recebeu R$ 2,3 milhões da Craisa.

A Coopersemo informou ser "incógnita" a aparição de duas atas do mesmo dia e com conteúdos distintos sobre a situação financeira da cooperativa. Disse que o caso foi conduzido à Delegacia Especializada de Crimes Contra a Administração Pública e que o contrato com a Craisa foi firmado em gestão indireta de Caboclo Neto, uma vez que o ex-presidente indicava aliados para presidir a terceirizada. Afirmou ainda que o ex-mandatário sustenta campanha difamatória contra a Coopersemo por ter perdido eleições para o comando da empresa em 2010.

Os balanços financeiros de 2008 da Coopersemo - tanto o positivo quanto o negativo - são assinados pela atual presidente da cooperativa, Leila Mossuly.

Por nota, a Craisa negou ter sido notificada pelo MP ou pela Sersil Transportes sobre o caso, garantiu fiscalização diária do serviço executado pela Coopersemo e assegurou que a licitação seguiu os trâmites legais. Não informou, porém, qual documento da terceirizada foi apresentado durante o certame.

CPI da Craisa - Caboclo Neto foi autor de denúncia verbal - ao contrário da atual, em que apresentou documentos -, em 2006, de suposta extorsão praticada por integrantes do governo João Avamileno (PT) e que culminou na CPI da Craisa. Após sete meses de investigação, vereadores não acolheram as acusações e processaram o empresário.

 

 




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