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Dirceu avança sobre área de Rebelo
02/09/2004 | 23:57
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Depois de ampliar o espaço na área econômica, o chefe da Casa Civil, José Dirceu, avança sobre o terreno do chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República, Aldo Rebelo, e, na prática, atua como o articulador do governo. Além de presidir a Câmara de Desenvolvimento Econômico, dividindo espaço com o ministro da Fazenda, Antônio Palocci, e de contrapor-se ao ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, ao ganhar o comando da Comissão de Incentivos aos Investimentos Produtivos no país, Dirceu conquistou a preferência de petistas e outros aliados no Congresso para intermediar interesses no Executivo.

Não é só a partilha de cargos federais ou de recursos para atender às emendas dos aliados ao Orçamento da União que ocupam Dirceu. Nos últimos dias, ele tem se dedicado a articular a “bancada da governabilidade” no Senado, trabalhando o apoio ao governo do grupo do senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA). Esta articulação é vista por vários setores do PT como outra “invasão ostensiva” na área de Rebelo, alimentando a convicção de petistas de que o chefe da Secretaria de Coordenação Política e Assuntos Institucionais da Presidência da República poderá ser deslocado para outra área na reforma ministerial pontual que, apostam, virá depois das eleições municipais de outubro.

Parlamentares e ministros políticos com bom trânsito no Palácio do Planalto acreditam que Rebelo poderá ser deslocado para o Ministério da Defesa, como foi cogitado na reforma ministerial que o levou à Coordenação Política.

Seja como for, amigos e adversários de Rebelo no governo partilham da mesma convicção: a de que, se sair do posto, o coordenador político do governo “cairá para cima”, assumindo outra cadeira na Esplanada dos Ministérios.

Apesar da pressão crescente de setores do PT para que Dirceu reassuma, oficialmente, a articulação política do governo, até os petistas reconhecem que Rebelo tem o apreço do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e que o presidente não quer tumultuar ainda mais a difícil relação com o PC do B do ministro.

"O ministro José Dirceu tem uma característica: ele funciona, dá retorno, resolve os problemas. Essa é a força dele", resume o presidente da Comissão Mista de Orçamento, deputado Paulo Bernardo (PT-PR). Explica, assim, a razão da preferência dos petistas pelo ministro da Casa Civil para defender os interesses.

Diante da movimentação de Dirceu, amigos de Rebelo dizem apenas que não se trata exatamente de um caso de invasão. Argumentam que a máquina do Palácio do Planalto pertencia ao chefe da Casa Civil quando o presidente criou o Ministério da Coordenação Política. “Foi o Aldo que não avançou e ocupou mais espaço”, diz o ministro das Comunicações, Eunício Oliveira, que é ligado a Rebelo e tem boas relações com Dirceu.




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