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Em ano de eleição, bispo defende mais inclusão e menos ideologias

Dom Pedro Cipollini diz que candidatos devem se comprometer com as políticas de inclusão social; hoje começa a Campanha da Fraternidade

Nilton Valentim
14/02/2024 | 07:30
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DGABC


A Campanha da Fraternidade 2024, que tem como tema ‘Fraternidade e Amizade Social’ e o lema ‘Vós sois todos irmãos e irmãs’, será lançada hoje pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil). E, segundo dom Pedro Carlos Cipollini, bispo do Grande ABC, estes preceitos devem ser levados em conta por todas as pessoas, mas, principalmente, pelos que irão concorrer nas eleições de outubro, que definirão os prefeitos e vereadores para os próximos quatro anos.

“Como candidatos, eles devem estar voltados para cultivar essa amizade social, colocando-se a serviço do que é bom para a população, em especial para os mais pobres. E isso só é possível quando você se coloca a serviço de todos, não de um grupo, de um partido ou de uma ideologia, o que é pior ainda”, diz o bispo.

Nas palavras de dom Pedro, a ideologia “inferniza a política nacional”, pois “ela domina, ela fanatiza, ela torna um grupo fanático e ele só mede as coisas pelos seus interesses, não pelo interesse de todos”, complementa o bispo, que faz questão de ressaltar que não está falando de nenhum partido específico.

O religioso classifica o tema de 2024 como o melhor já escolhido pela CNBB em 60 anos de Campanha da Fraternidade. 

“Essa campanha quer mostrar que a sociedade só pode ir para frente com união. O que chamamos de ‘amizade social’ é o amor presente nas relações sociais. Quer dizer que os relacionamentos hoje estão muito permeados pela agressividade, pela competição. A campanha propõe que sejamos como uma parede, em que os relacionamentos são os tijolos e a amizade é o cimento que dá liga, que une essas relações”, exemplifica.

O bispo propõe ainda uma nova forma de encarar a rotina. “A gente fala muito hoje de qualidade de vida, de preservar a vida. Porém, tudo isso tem de estar dentro de um contexto que é a sociedade. Preservar a vida para todos, não só para mim ou para os que eu gosto. É qualidade de vida não só para mim, mas para todos”, pontua.

O individualismo é criticado pelo bispo, que destaca ainda a existência de uma crise ética e também de educação na sociedade. 

“A ética é a minha ética. O que é bom para mim é legal, o que não é bom para mim não interessa. Então esse sentimento ele vem muito da crise de educação que nós vivemos. Quer dizer, uma educação que não transmite valores sociais muitas vezes. A crise da cidadania e qual é a cidadania que nós temos? Qual é a formação para cidadania? Então a pessoa não se sente responsável pela sociedade e vai fazendo que dá na cabeça”, afirma o bispo, citando como exemplo as desavenças que ocorrem no trânsito das cidades, nas quais situações corriqueiras são motivos para discussões e até perda de vidas.

‘A Semana Santa não deve ser somente um feriado’ 

A Quaresma, período de 40 dias que antecede a Páscoa, começa hoje. O primeiro ritual é a realização da Missa das Cinzas. Bispo de Santo André (que responde pelo Grande ABC), dom Pedro Carlos Cipollini preside a celebração na Catedral do Carmo, no Centro de Santo André, às 19h30. 

"Para nós católicos, a Quaresma é muito importante. São 40 dias preparando a maior festa da nossa fé que é a Páscoa”, afirma o bispo. “Cristo morreu e ressuscitou ele venceu o mal e está vencendo, né? Porque ele está vivo no meio de nós. Então, na Quaresma você passa 40 dias refletindo, meditando, fazendo orações, jejuando e preparando o coração para a Semana Santa”, completa.

Dom Pedro destaca que, embora o período da Semana Santa – que neste ano será de 29 a 31 de março – seja esperado pela maioria das pessoas para folgar no trabalho e pegar a estrada, para os cristãos o significado deve ser bem maior.

"A Semana Santa é um feriado, mas para o cristão é muito mais do que isso. É um dia santo. Há diferenças entre feriados e dias santos. O dia 7 de setembro é só feriado, então as igrejas não tem celebrações especiais. Mas para os cristãos, a Páscoa é uma dia que nós temos de celebrar a liturgia da paixão, morte e ressurreição de Jesus”, pontua.

CINZAS

Na Missa das Cinzas, o celebrante faz uma cruz na testa dos fieis com a cinza da queima dos ramos que foram abençoados no Domingo de Ramos umedecida com água benta. Segundo o bispo, esse ritual tem como objetivo sinalizar que “a nossa vida passa, que é breve e que nós devemos pensar em Deus e não apenas nas coisas materiais.




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