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Morando improvisa a sede da Pasta de Educação de São Bernardo

Prefeito transfere ao Cenforpe a estrutura da secretaria depois de vender prédio onde ficava o setor; centro de professores apresenta série de problemas

Wilson Guardia
06/02/2024 | 07:00
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Claudinei Plaza/DGABC


Infiltração, lodo, falta de ar-condicionado, banheiros interditados, material didático em local insalubre. Essa é a realidade da Secretaria de Educação de São Bernardo desde que o prefeito Orlando Morando (PSDB) decidiu vender à iniciativa privada o prédio onde a Pasta funcionava, no bairro Nova Petrópolis, e, de forma precária, transferiu as atividades do setor para o Cenforpe (Centro de Formação de Professores) Ruth Cardoso, no bairro Planalto.

Na tarde de ontem, a equipe do Diário esteve no complexo localizado na avenida Dom Jaime de Barros Câmara. Na entrada, nenhum protocolo de acesso foi adotado. O portão estava aberto e a circulação de pessoas era livre.

Nos corredores com ligação ao prédio principal, aquele redondo avistado ao longe para quem segue pela Via Anchieta, a primeira cena chama a atenção. Os espelhos d’água acumulavam lodo e muita sujeira. Na marquise, infiltrações.

No prédio anexo, nas lajes, muita água acumulada, um atrativo para o mosquito Aedes aegypti, causador da dengue entre outras doenças. As poças, também causam umidade e gotejamento na área aberta imediatamente abaixo.

Já no prédio anexo, de dois andares, no primeiro pavimento o banheiro masculino estava interditado. Ao longo do corredor, nas salas, com portas de vidro, apenas ventiladores. Não há sistema de ar-condicionado. No segundo piso, problemas no teto. Buracos na forração e luminárias penduradas. O elevador balançava de forma irregular e o assoalho apresentava algumas peças soltas.

Em outro anexo, um edifício térreo, sem sistema de refrigeração, apenas ventiladores. Funcionários foram indagados se ali funcionava a secretaria de Educação, a resposta: ‘Sim’.

Ainda na área externa, próxima à sala de vídeos, uma laje também represava água parada, seguindo o caminho até o prédio principal, uma porta de ferro, sem qualquer tranca, chama a atenção. Por entre as frestas um vazamento é presenciado. Muita água limpa jorrava e escorria pelo ralo. Ali funciona a casa de máquinas.

No prédio principal, também com livre acesso e sem controle, todo o material didático é estocado em cima de palets e cercado por um tecido. Porém, bem próximo da área aberta do estacionamento, que está sujeita a chuva. Ao lado, mesas e cadeiras das escolas, também nas mesmas condições. Motos e carros também estavam estacionados em área proibida, inclusive havia um aviso, exatamente na área coberta ao lado de materiais altamente inflamáveis.

Subindo pelas escadas, no primeiro andar, tudo aparentemente em ordem. No pavimento logo acima, no banheiro masculino dos três mictórios, dois estavam isolados com plástico preto. Dos dois reservados de uso comum, o vaso sanitário de um estava desativado e com um cesto de lixo em cima.

>Em uma grande sala, ao lado do teatro uma funcionária foi interpelada pela reportagem, ela confirmou que ali funciona toda “área administrativa da Educação”, por lá, a temperatura estava confortável, frente o calor de quase 30 graus do lado de fora. Perguntada sobre os demais departamentos, disse que estão espalhados por todo o complexo.

Sem se identificar, funcionários não esconderam o descontentamento com a atual situação da Secretaria de Educação, que é comandada por Silvia Donini.

VENDA

A antiga sede da Secretária de Educação de São Bernardo, na Avenida Wallace Simonsen, área nobre no bairro Nova Petrópolis, foi vendida por Morando no ano passado para a iniciativa privada.

A Construtora Patriani, única participante da concorrência pública, arrematou os dois lotes da área com total de 18.926,11 metros quadrados por R$ 81,7 milhões, sendo apenas cerca de R$ 4 milhões de entrada e dois parcelamentos distintos. Para o primeiro lote de 8.926,86 m². A incorporadora se comprometeu a pagar R$ 36.642.100,06 no primeiro lote, com 11 parcelas e uma entrada de R$ 1,8 milhão, para o outro ofertado o valor de R$ 45.057.099,94, com parcelamento em 19 vezes e uma entrada de R$ 2,2 milhões.

Com a venda do patrimônio municipal concretizado e sem uma área para instalar a Secretaria de Educação, Morando se viu obrigado a improvisar e alocar a pasta e os trabalhadores no complexo do Cenforpe, sem ao menos realizar reformas ou adequações.

Na entrada do Centro de Formação, uma placa informa sobre a execução de obras de reforma e substituição de todos os equipamentos de ar-condicionado com custo total de R$ 1.889.486,87. O início abril de 2023 com prazo de 180 dias, porém seis meses se passaram da data de entrega e algumas áreas seguem sem a climatização.

A gestão Morando foi procurada pelo Diário, mas não se manifestou. No ano passado a Prefeitura de São Bernardo justificou a venda como forma de uma “reorganização urbanística” e que a “manutenção da instalação do equipamento municipal não é a forma mais adequada de utilização do espaço”.




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