``Pela primeira vez na Quinta República um partido do presidente explode, divide-se, corta-se', destacou François Hollande, primeiro secretário do Partido Socialista, o principal de esquerda que chegou ao poder após a dissoluçao intempestiva do Parlamento decidida por Chirac, em 1997.

Agora há ``dois partidos gaullistas' que reivindicam a herança espiritual do general Charles de Gaulle, disse Hollande: a Reuniao pela República (RPR) de Chirac e a Reuniao pela França (RPF), saído de uma cisao do primeiro e oficialmente lançado neste fim de semana.

O RPF, dirigido por um ex-ministro gaullista, Charles Pasqua, e um conservador católico, Philippe de Villiers, destronou o RPR como primeiro partido da direita francesa nas eleiçoes européias de junho passado.

E, nao contente com isso, está roendo agora a base do partido de Chirac cujo número de aderentes caiu de 151 mil na eleiçao do presidente em 1995 a 65 mil atualmente.

``O divórcio de Charles Pasqua nao somente enterrou o mito da unidade da família gaullista como quebrou o RPR e fragilizou a oposiçao' de direita em geral, afirmou nesta segunda-feira o esquerdista Libération.

``Poucas vezes o presidente da república terá dado a impressao de se encontrar tao isolado', acrescentou o jornal. Para o matutino direitista Le Figaro, o RPF, partido nacionalista e antieuropeu, ``parece sobretudo condenado ao anti-chiraquismo' em sua evoluçao política.

O presidente dos deputados do RPR, Jean-Louis Debré, tentou nesta segunda-feira acalmar o jogo afirmando que o RPR e o RPF ``têm vocaçao de se encontrar em certa vontade de construir uma França forte'.

Mas Pasqua, que acaba de ser eleito presidente do RPF, continuou nesta segunda-feira disparando contra Chirac. ``Será interessante ver como marcarao suas linhas de separaçao para as próximas eleiçoes presidenciais de 2002 Jacques Chirac e o premier socialista Lionel Jospin, que, finalmente, terao governado juntos durante cinco anos', comentou. ``Será muito difícil para eles dizerem em quê sao diferentes', acrescentou.

Isolado à direita, Chirac parece igualmente maltratado no seu próprio partido. Sábado, no primeiro turno para a eleiçao de presidente do RPR, seu candidato Jean-Paul Delevoye, obteve 35,01% dos votos superando Michèle Alliot-Marie (31,12%) e eliminando dois outros candidatos. Mas, segundo a imprensa, os votos no segundo turno a 4 de dezembro devem favorecer o ex-ministro Alliot-Marie, infligindo uma nova humilhaçao a Jacques Chirac.