Esportes Titulo
Brincadeira beneficia evolução do vôlei
Kati Dias
Do Diário do Grande ABC
03/12/2007 | 07:29
Compartilhar notícia


O saque viagem ao fundo do mar, ou simplesmente viagem, nasceu de uma brincadeira no início da década de 80 entre os jogadores da Pirelli/Santo André e ajudou na evolução do vôlei mundial. Não é de hoje que os brasileiros utilizam a criatividade para superar as adversidades. Os ex-jogadores William, Montanaro e Renan disputavam durante o aquecimento quem conseguia fazer um ataque de bola de fundo – cortada antes da linha dos 3 m –, inventado pelos poloneses.

“Primeiro, a gente tentou cortar da linha dos 3 metros. Depois, as provas ficaram mais difíceis. Até que ultrapassamos a linha do saque”, explicou o ex-central Montanaro, que hoje é gerente de Vôlei do Santander/São Bernardo.

O ex-capitão da Pirelli, William, contou que o exercício era levado a sério. “A gente queria saber quem conseguia dar esta cortada com mais força. Até que o (José Carlos) Brunoro (técnico da Pirelli) nos incentivou da sacar desta maneira nos jogos”, disse. Apesar disso, William demorou em utilizar o novo fundamento no Brasil. “Quando saquei o viagem na Itália, fui chamado de louco”, divertiu-se o ex-levantador.

Saque na seleção - Aos poucos, os atletas introduziram o saque na Seleção Brasileira e o então técnico, Bebeto de Freitas – hoje presidente do Botafogo (RJ) –, gostou da novidade. “Ele incentivou todos os atletas a tentarem sacar desta maneira, mas nem todos conseguiam por causa da estatura. O Amauri e o Bernard eram os que tinham mais dificuldade”, revelou Montanaro.

Para não ficar atrás, Bernard introduziu o famoso saque Jornada nas Estrelas, que já era executado no vôlei de praia. O fundamento, hoje pouco utilizado, quase tocava o teto do ginásio antes de chegar à quadra adversária.

Tanto William quanto Montanaro acreditam que o saque – fruto da criatividade brasileira – ajudou a geração de prata a alcançar resultados importantes. Vice-mundial em 1982 e prata na Olimpíada de Los Angeles (1984). “Descobrimos que imitando os outros países não chegaríamos a lugar algum. A gente teria de criar as nossas próprias armas. A partir deste momento, o vôlei brasileiro criou sua própria cara”, afirmou Montanaro.

Ficção - William contou que, a exemplo do Jornada, o nome do saque viagem também foi inspirado em um filme. “Antes de um dos duelos da Pirelli com a Atlântica/Bradesco, um repórter perguntou ao Brunoro qual seria a nossa arma contra o Jornada. Ele disse: “O saque viagem ao fundo do mar, inventado pelos meninos’. A gente olhou e não entendeu nada”, contou. Depois, segundo William, Brunoro revelou que foi o primeiro nome de filme que passou pela sua cabeça, que a exemplo do Jornada das Estrelas também é de ficção científica.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;