Política Titulo Ajuste de metas
Mauá estima investimentos de R$ 4 bi na cidade em 10 anos

Projeção envolve obras públicas e privadas, com suporte do governo federal; governo Marcelo diz estar preparado para surfar onda positiva

Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
08/01/2024 | 07:00
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André Henriques/DGABC

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O governo do prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT), tem se estruturado para conseguir capitalizar o bom momento econômico e evitar que a cidade tenha uma nova década perdida da possibilidade de mudança de patamar na economia do Estado e do Brasil. A administração petista estima que, nos próximos 10 anos, vão circular R$ 4 bilhões em investimentos – públicos e privados – e, para isso, tem pavimentado condições para que esse recurso transforme a cidade daqui a dez anos.

O pontapé inicial desse planejamento foi ajustar as contas públicas. Estancada a crise, sobretudo a desconfiança do setor público diante de meses de atraso com fornecedores observados na gestão de Atila Jacomussi (SD), Mauá iniciou seu planejamento futuro, como aponta o secretário de Desenvolvimento Econômico, Edilson de Paula (PT).

O Fórum Mauá 2023-2033 foi lançado no segundo semestre de 2023 com o objetivo de pensar a cidade – a apresentação do programa contou com a participação do vice-presidente da República, Geraldo Alckmin (PSB). O segundo passo, na visão de Edilson, está na recente divulgação da participação de Mauá no PIB (Produto Interno Bruto) nacional.

O município gerou R$ 20,7 bilhões em riqueza, terceiro melhor desempenho regional, em um valor que fez a cidade ganhar posições na lista dos maiores PIBs do País – saiu de 65ª colocada para 60ª.

“A questão do PIB é um bom termômetro para mostrar que Mauá tem caminho muito forte de crescimento. Hoje temos fila de espera de empresas que querem alugar ou comprar galpões industriais na cidade, sem falar em projetos de construção de novos galpões. Retomamos a relação com o governo federal e estamos fazendo nossa lição de casa também”, afirma Edilson.

Depois de registrar um bom crescimento econômico no fim dos anos 1990 e começo de 2000, Mauá se estagnou a partir de 2004, com a crise política instalada – à época, a eleição foi suspensa por determinação da Justiça Eleitoral. O candidato governista da ocasião era Márcio Chaves (então no PT), que foi denunciado por abuso de poder econômico por ter participado de exposição custeada pela gestão do então prefeito Oswaldo Dias (PT). A três dias do segundo turno, o pleito foi suspenso. Só em dezembro de 2005 houve desfecho, com Leonel Damo, segundo colocado naquele primeiro turno, declarado vencedor.

Mauá havia acabado de conquistar politicamente a alça do Trecho Sul do Rodoanel, fato que se tornou vetor de atração de novas empresas, sobretudo no polo de Sertãozinho. Quando parecia que a cidade iria se recuperar do baque político de 2004, outro estremecimento fez ruir o planejamento. Entre 2018 e 2020, o então prefeito Atila Jacomussi (SD, hoje deputado estadual), foi preso duas vezes e cassado. Por ordem judicial, retomou o mandato, mas em uma briga pública com sua vice, Alaíde Damo (MDB).

“Com o Marcelo, a cidade voltou a ter uma estabilidade política, que também é bom para os empresários. A classe empresarial vê que Mauá está com norte, debatendo futuro, com espaço para crescimento. Não podemos deixar passar outro bonde da história como aconteceu no passado, quando o Oswaldo conquistou a alça de acesso do Rodoanel e, por crises políticas, a cidade não aproveitou”, avaliou Edilson.

Novo aterro e usina custarão R$ 1,5 bi

Dos R$ 4 bilhões de investimentos projetados para Mauá, R$ 1,5 bilhão estão previstos em um amplo projeto da Lara Central de Tratamento de Resíduos para a construção de um novo aterro e de implantação de um sistema de aproveitamento do gás metano produzido pelo lixo acumulado.

Chamada de URE (Usina de Recuperação Energética), a unidade deverá receber 3.000 toneladas de resíduos sólidos por dia, terá capacidade instalada de 80 MW dentro de uma área de 90 mil metros quadrados e ficará dentro de um aterro sanitário controlado pelo Grupo Lara.

O projeto está em debate desde 2019 e a expectativa, após passar por vários trâmites burocráticos, é ganhar corpo neste ano.

“E temos conversas avançadas para fazer com que esse gás metano produzido sirva de combustível para as empresas do Polo Petroquímico. Abrimos conversas com as empresas e com a Comgás, que detém a concessão dos dutos, para analisar a viabilidade – e o que temos observado são cenários animadores. Isso sem falar que esse novo aterro abre uma possibilidade muito grande de recebimento de resíduos de outras cidades, girando também a economia de Mauá”, pontuou o secretário de Desenvolvimento Econômico, Edilson de Paula (PT).

A URE usa o rejeito do lixo para geração de energia. Quando chega aos aterros, o rejeito está misturado a materiais orgânicos. Para fazer a limpeza, o lixo vai percorrer um circuito dentro da usina para secagem e o vapor vai passar por um filtro para evitar cheiro, segundo explica o Grupo Lara, na citação do projeto. Depois, os resíduos são encaminhados para tratamento mecânico e biológico, responsável pelo processo de separação, compostagem e secagem do material.

Os demais investimentos listados por Edilson envolvem reformas na Refinaria de Capuava, por parte da Petrobras, e recursos do governo federal, sobretudo via PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), para obras de urbanização em vários bairros da cidade.




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