A versão do diretor Marco Antônio Cury para Barrela não é nova. Feita em 1990, teve uma visibilidade limitada em função do período de declarado estrangulamento da produção nacional, no começo do período Collor. Foi dos poucos filmes lançados nessa época e, mais raro ainda, um dos que se aprofundaram no playground sócio-político do dramaturgo Plínio (1935-1999).
Marcos Winter interpreta o playboyzinho que vai preso por uma contravenção qualquer. Jogado na cela, é apresentado a um contrato social desconhecido entre a aristocracia somente nos meios, não nos fins. Uma submissão ilegítima de meia-dúzia de presos a um chefe auto-declarado, numa microditadura. E todos com o instinto sexual à flor da pele, de tal modo que a peça, escrita em 1958, detalha o estupro do novato pelos veteranos de cárcere, interpretados por Marcos Palmeira, Paulo César Pereio, Cláudio Mamberti e Chico Diaz, entre outros.
O trabalho dos atores reluz sobre o punhado de deficiências do filme de Cury. Não foi por nada que Palmeira, o protagonista, e Mamberti (morto em 2001), o coadjuvante, tiveram os trabalhos reconhecidos em festivais como Gramado e Cuba.
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