Economia Titulo
Uniao quer verba do FMI para acalmar o câmbio
Brasília
Da AJB
07/02/1999 | 20:35
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Um dos pontos centrais do novo acordo com o FMI (Fundo Monetário Internacional) é rever o piso das reservas cambiais de US$ 20 bilhoes e, conseqüentemente, convencer tanto o fundo quanto o Departamento do Tesouro dos EUA que pelo menos uma pequena parte dos US$ 41,5 bilhoes do pacote financeiro de ajuda ao país poderá ser usado para controlar os exageros da volatilidade da taxa de câmbio.  

Essa é uma das tarefas importantes da renegociaçao do acordo com o fundo e, segundo fontes do governo, será muito bem vinda a liberaçao da segunda parcela do pacote externo - de US$ 9 bilhoes - já com um acerto de desbloqueio do uso do dinheiro.  Só a partir dessa definiçao é que se poderá falar em uma regra de intervençao do BC (Banco Central) no mercado de câmbio.

E, certamente, isso explica, pelo menos em parte, a passividade com que o BC tem assistido ao artificialismo dos preços do dólar, que já chegou a bater em R$ 2,15. Ou, dito de outra forma, o ex-presidente do BC, Francisco Lopes, nao "levou um baile do mercado" porque quis, mas porque nao dispunha de autorizaçao para usar dos instrumentos de intervençao desde que eles significassem gastar reservas cambiais.  

Obviamente, os especialistas em mercado de câmbio podem argumentar que o BC poderia ter atuado sem queimar reservas, por exemplo, como operador que é, juntando as pontas compradoras e vendedoras de câmbio. Ao contrário dos pregoes na Bolsa de Valores, onde compradores e vendedores se encontram, no mercado de câmbio é o BC quem pode intermediar essa operaçao, pois é ele quem conhece o banco que quer comprar dólar e a instituiçao que deseja vender.  

Esse, portanto, é um dos tripés da discussao do novo acordo. Os outros dois sao: dar credibilidade à questao da solvência do governo, no que se refere à capacidade de honrar os compromissos da dívida pública mobiliária interna; e, no campo institucional, avançar na independência do Banco Central.  

O presidente FHC comprometeu-se com o vice-diretor gerente do FMI, Stanley Fischer, a trabalhar nessa direçao, durante o café da manha que ambos tiveram, no palácio da Alvorada, na última quarta-feira. Mas a independência do BC nao é uma exigência meramente do fundo, e sim um desejo do ministro da Fazenda, Pedro Malan, e do presidente do BC, Armínio Fraga.




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