``Nos meios diplomáticos europeus, preferia-se a vitória de Al Gore porque seria um sócio já conhecido e sobretudo, porque as declaraçoes de Bush durante a campanha nao foram muito tranquilizadoras', explicou nesta quinta-feira um diplomata em Bruxelas.
O contato pode ser bem mais delicado se forem levadas em consideraçao as críticas feitas pela UE à pena de morte no momento em que se multiplicavam as execuçoes no Texas (Sul), estado do qual George W. Bush era governador, segundo outro diplomata.
O maior receio é a volta de uma política de defesa norte-americana ``agressiva', depois da atitude benevolente do atual presidente Bill Clinton.
O projeto de escudos antimísseis, que provoca reservas principalmente na França e Alemanha, devido ao risco de que a corrida armamentista seja retomada, voltará a ficar em primeiro plano nas relaçoes entre Washington e seu aliados.
No início de setembro, o presidente Clinton adiou sua decisao sobre o abandono do projeto do escudo e deixou a seu sucessor a decisao de dizer nao a uma ``guerra de galáxia', a qual George W. Bush se mostrou favorável durante a campanha.
A política européia de defesa que está sendo colocada em prática também poderia ficar prejudicada por uma administraçao Bush que se oporia à autonomia da UE frente à Organizaçao do Tratado Atlântico Norte (Otan).
Os europeus temem ainda que Bush caia na ``tentaçao do isolamento', que afastaria os norte-americanos das operaçoes de paz da Otan nos Balcas. Se for confirmado, o ``isolamento' pode afetar também as relaçoes comerciais de ambos os lados do Atlântico.
Bush é considerado bem mais favorável aos grandes grupos industriais que pressionam o governo e que participaram generosamente da sua campanha eleitoral.
Fechado à tese da antiglobalizaçao, Bush será sem dúvida favorável a um novo ciclo de negociaçoes multilaterais na Organizaçao Mundial do Comércio (OMC).
Agradaria aos europeus acabar o quanto antes com as várias disputas comerciais que mantêm com a administraçao de Clinton.
Uma das coisas que querem é conseguir a flexibilizaçao do sistema de sançoes à Europa, que está sendo avaliado em Washington, para punir a UE por colocar restriçoes às importaçoes de alguns produtos norte-americanos, como a carne bovina com hormônios.
Sobre a interminável guerra sobre a banana, a UE também quer colocar um ponto final o quanto antes, se possível, em janeiro. Os europeus querem um novo regime de importaçao da fruta, compatível com a OMC, para que os Estados Unidos levantem a atual sançao norte-americana de 191,4 milhoes de dólares anuais.
Também pressionarao o presidente Clinton para que se pronuncie antes de sair do governo sobre a conferência de Haia a respeito das mudanças climáticas.
A reuniao terminou sem que a UE e os Estados Unidos chegassem a um acordo sobre os meios de reduzir a emissao de gases de efeito estufa. Segundo os especialistas, a administraçao Bush será muito difícil de lidar neste aspecto.
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