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UE teme que Bush torne negociaçoes mais difíceis
Das Agências
14/12/2000 | 13:20
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Com a chegada ao poder do republicano George W. Bush, a Uniao Européia (UE) teme que suas relaçoes com os Estados Unidos se tornem mais difíceis, especialmente nos assuntos comerciais e relacionados à defesa.

``Nos meios diplomáticos europeus, preferia-se a vitória de Al Gore porque seria um sócio já conhecido e sobretudo, porque as declaraçoes de Bush durante a campanha nao foram muito tranquilizadoras', explicou nesta quinta-feira um diplomata em Bruxelas.

O contato pode ser bem mais delicado se forem levadas em consideraçao as críticas feitas pela UE à pena de morte no momento em que se multiplicavam as execuçoes no Texas (Sul), estado do qual George W. Bush era governador, segundo outro diplomata.

O maior receio é a volta de uma política de defesa norte-americana ``agressiva', depois da atitude benevolente do atual presidente Bill Clinton.

O projeto de escudos antimísseis, que provoca reservas principalmente na França e Alemanha, devido ao risco de que a corrida armamentista seja retomada, voltará a ficar em primeiro plano nas relaçoes entre Washington e seu aliados.

No início de setembro, o presidente Clinton adiou sua decisao sobre o abandono do projeto do escudo e deixou a seu sucessor a decisao de dizer nao a uma ``guerra de galáxia', a qual George W. Bush se mostrou favorável durante a campanha.

A política européia de defesa que está sendo colocada em prática também poderia ficar prejudicada por uma administraçao Bush que se oporia à autonomia da UE frente à Organizaçao do Tratado Atlântico Norte (Otan).

Os europeus temem ainda que Bush caia na ``tentaçao do isolamento', que afastaria os norte-americanos das operaçoes de paz da Otan nos Balcas. Se for confirmado, o ``isolamento' pode afetar também as relaçoes comerciais de ambos os lados do Atlântico.

Bush é considerado bem mais favorável aos grandes grupos industriais que pressionam o governo e que participaram generosamente da sua campanha eleitoral.

Fechado à tese da antiglobalizaçao, Bush será sem dúvida favorável a um novo ciclo de negociaçoes multilaterais na Organizaçao Mundial do Comércio (OMC).

Agradaria aos europeus acabar o quanto antes com as várias disputas comerciais que mantêm com a administraçao de Clinton.

Uma das coisas que querem é conseguir a flexibilizaçao do sistema de sançoes à Europa, que está sendo avaliado em Washington, para punir a UE por colocar restriçoes às importaçoes de alguns produtos norte-americanos, como a carne bovina com hormônios.

Sobre a interminável guerra sobre a banana, a UE também quer colocar um ponto final o quanto antes, se possível, em janeiro. Os europeus querem um novo regime de importaçao da fruta, compatível com a OMC, para que os Estados Unidos levantem a atual sançao norte-americana de 191,4 milhoes de dólares anuais.

Também pressionarao o presidente Clinton para que se pronuncie antes de sair do governo sobre a conferência de Haia a respeito das mudanças climáticas.

A reuniao terminou sem que a UE e os Estados Unidos chegassem a um acordo sobre os meios de reduzir a emissao de gases de efeito estufa. Segundo os especialistas, a administraçao Bush será muito difícil de lidar neste aspecto.




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