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Armênios lembram massacre em clima de tensão com a Turquia
Da AFP
24/04/2010 | 10:28
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Milhares de pessoas lembraram neste sábado em Yerevan o 95º aniversário dos massacres de armênios cometidas no fim do Império Otomano, em um clima de nova tensão com a Turquia, que nega que o que aconteceu tenha sido um genocídio.

Apesar da chuva fina na capital Yerevan, milhares de pessoas participaram em uma passeata e depositaram flores em um memorial que homenageia as vítimas.

O massacre é lembrado todo 24 de abril, aniversário do dia de 1915 em que as autoridades otomanas prenderam mais de 200 intelectuais e autoridades armênias em Istambul, o que marcou o início da matança.

Os armênios afirmam que 1,5 milhão de compatriotas foram assassinados sistematicamente entre 1915 e 1917, no período em que desmoronava o Império Otomano.

A Turquia nega que tenha se tratado de um genocídio e afirma que de 300.000 a 500.000 armênios, e o mesmo número de turcos, morreram em um conflito civil quando os armênios pegaram em armas no leste de Anatolia para apoiar as tropas invasoras russas, durante a I Guerra Mundial. A questão prejudica as relações bilaterais há várias décadas.

Ano passado foram realizados esforços sem precedentes para a reconciliação, com a assinatura de protocolos que previam a reabertura da fronteira e o estabelecimento de relações diplomáticas.

Mas na quinta-feira, a Armênia anunciou o congelamento da ratificação dos protocolos.

Yerevan acusa Ancara de querer impor condições prévias, como avanços no conflito da Armênia com o Azerbaijão a respeito da região de Nagorno-Karabaj, controlada por nacionalistas armênios desde os anos 90.

O presidente armênio Serzh Sarkisian, que assistiu a uma cerimônia solene no memorial ao lado do patriarca da Igreja Apostólica Armênia, Karekin II, afirmou que o reconhecimento internacional de que as matanças constituíram um genocídio é inevitável.

Como demonstração de que a afirmação do presidente armênio procede, defensores dos direitos humanos, intelectuais e artistas turcos lembraram pela primeira vez em público neste sábado em Istambul os massacres de armênios de1915-17, rompendo assim um tabu na Turquia.

Uma primeira manifestação aconteceu na rua Istiklal, centro da cidade, organizada pelas "mães de sábado" que se reúnem no mesmo local há vários anos para questionar as autoridades sobre o destino de seus filhos, curdos desaparecidos no conflito entre forças governamentais e rebeldes curdos, desde 1984.

Uma segunda manifestação foi organizada pela Organização de Direitos Humanos de Istambul, que usaram como lema a frase "Nunca mais". Os manifestantes se reuniram nos arredores da estação de Haydarpasa, de onde saiu o primeiro comboio de deportação.




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