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Estudantes em situação vulnerável do Amazonas visitam Ribeirão Pires

Objetivo foi trocar experiências científicas e culturais com cidade da região

Renan Soares
Do Diário do Grande ABC
06/10/2023 | 08:00
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Secretária de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda de Ribeirão Pires, Marli Silva, esteve presente no encontro com alunos (FOTO: Renan Soares/DGABC)


Estudantes da cidade de Itacoatiara, no Amazonas, estiveram em Ribeirão Pires nesta quinta-feira para trocar experiências com indígenas da região. O projeto faz parte de uma viagem de intercâmbio científico-cultural que busca quebrar crenças limitantes e expandir o olhar sobre oportunidades para alunos vulneráveis do interior do Norte do País. A iniciativa da Prefeitura de Ribeirão Pires, por meio da Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda, faz parte de uma parceria com Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas.

Itacoatiara, onde o campus do grupo está localizado, fica a 270 km da capital amazonense, Manaus, e é uma das poucas cidades do interior do Estado com ligação terrestre. A cidade ainda tem um porto logístico, já que é banhada pelas águas do Rio Amazonas. No último dia 28, vieram dois professores e três alunos para São Paulo, sendo um deles de descendência indígena, e outra de origem ribeirinha, vivendo na região rural do município. O professor Eduardo Palhares Junior é um dos docentes à frente do projeto, que está em sua primeira edição.

“Nossos alunos já tinham uma ideia do que queriam estudar, mas agora já estão refletindo e vendo novas oportunidades, e ainda vão poder falar para os colegas do Amazonas, mostrando coisas que talvez quem vive lá não está enxergando”, afirma o professor, que explica o motivo do encontro em Ribeirão: “tivemos representantes de comunidades indígenas do Grande ABC, fazendo uma discussão sobre sustentabilidade, e observando qual as dificuldades, para podermos se ajudar mutuamente”, explica.

O encontro faz parte de um projeto “embrionário” que o Instituto Federal está desenvolvendo. “Temos promovido todo ano um evento de divulgação científica, levando pesquisadores do Sul e Sudeste para palestrar no Norte, e agora, neste ano, estamos tentando inverter a situação, trazendo os estudantes para entender como é a dinâmica de um grande centro urbano”. Além do quadro científico, os alunos fizeram atividades culturais, sendo levados para locais como o Masp (Museu de Arte de São Paulo), a Sala São Paulo e o Museu do Ipiranga. 

Dentre as diversas ações em São Paulo, além da visita à região, houve: experimento LabMax, de esterilização microbiológica por radiação não ionizante; visita ao Ilum do CNPEM (Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), para verificar experimentos reais de pesquisa aplicada que estão rodando no acelerador de partículas Sirius; e parada na UFABC (Universidade Federal do ABC), para testar inteligência artificial aplicada à neurociência para controle de drone utilizando o pensamento. O grupo busca agora órgãos de fomento para que o processo se torne constante, e necessita ajuda de prefeitos, governadores e deputados para repetir o experimento.

A secretária de Desenvolvimento Econômico, Emprego e Renda de Ribeirão Pires, Marli Silva, esteve presente no encontro e ressaltou a importância da educação. “Entendo que a esperança para um mundo melhor existe, e ela está nas mãos da juventude. Estes estudantes vieram para cá de um município pequeno no Amazonas, e aqui eles se surpreenderam com a cidade. Cabe a nós, governos, cuidar destes alunos a cada dia, entendendo que essas políticas como a que fizemos hoje (ontem) tem importância para abrir novos horizontes”, disse.

EXPERIÊNCIAS

Os alunos Pedro Paulo Oliveira, Dayane Marques, ambos de 18 anos, e Maria Eduarda Magalhães, de 17, foram os estudantes selecionados para viver a experiência do intercâmbio científico-cultural. Acostumados com apenas natureza ao seu redor, como eles próprios dizem, os alunos conviveram, durante uma semana, com a realidade da “cidade grande”, com muitas pessoas e prédios.

“O intercâmbio foi um processo de reflexão da nossa parte, de ver outras realidades, saindo um pouco daquela região fechada. O que mais achei interessante foi a questão cultural, porque aqui existem vários tipos de pessoas, vivências e experiências” conta Dayane Marques, com opinião semelhante à Maria Eduarda: “É diferente porque lá estamos cercados com pela natureza, mas aqui não, são apenas prédios, mas vamos levar um pouco desse conhecimento para o Amazonas, desenvolvendo projetos para campus”, afirma a estudante.

Para Pedro Paulo, o mais interessante será retornar para o Amazonas e contar o que foi vivido para colegas. “São Paulo é grande, com muita gente, mas também com muitas histórias, cultura e contrastes, que fazem parte de um centro de referência do Brasil”, afirma o aluno, que diz ter ouvido mais línguas estrangeiras nesta semana do que em toda a sua vida.




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