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Açao integrada de ministros resulta em vitória
Do Diário do Grande ABC
21/01/1999 | 17:46
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O grupo de ministros responsáveis pela articulaçao política conseguiu sua primeira vitória com a aprovaçao do projeto de lei que estendeu a cobrança previdenciária aos servidores inativos e pensionistas da Uniao, provando que uma atuaçao conjunta pode ser mais eficiente, e menos desgastante, do que a disputa pelo título de articulador político do governo. A articulaçao da votaçao transferiu para a Câmara dos Deputados os gabinetes dos ministros das Comunicaçoes, Pimenta da Veiga (PSDB), dos Transportes, Eliseu Padilha (PMDB), da Justiça, Renan Calheiros (PMDB), da Previdência, Waldeck Ornelas (PFL), e da Saúde, José Serra (PSDB). Todos eles atuaram junto aos parlamentares, em telefonemas, jantares, cafés da manha e reunioes por três dias consecutivos.

O sucesso do governo na votaçao dos inativos veio com o agravamento da crise econômica, argumento fartamente explorado pelos operadores políticos do governo, mas a atuaçao dos cinco ministros- articuladores foi considerada decisiva pelos líderes dos partidos aliados ao governo na briga para reverter os votos contrários ao projeto. "O papel dos ministros foi essencial na mobilizaçao e aprovaçao da medida tao impopular", afirmou o líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE). Para ele, se em dezembro o governo perdeu 18 votos dos governistas na votaçao dos inativos, na última tentativa recuperou mais da metade por conta da integraçao entre ministros e líderes.

Segundo Inocêncio, a votaçao da quarta-feira foi um "marco inaugural" no novo modo de articulaçao política do presidente Fernando Henrique em seu segundo mandato. Os bons resultados, contou o deputado, deixaram o presidente certo de que esse "conselho político" formado por líderes governistas e ministros mostrou "sintonia". "A necessidade dessa integraçao já se estendeu por muito tempo, quase um ano desde a morte dos articuladores maiores do Congresso e era a hora de mostrar força com essa uniao", destacou, lembrando as mortes do ex-ministro Sérgio Motta e do deputado Luís Eduardo Magalhaes (PFL-BA).

O líder do PPB na Camara, deputado Odelmo Leao (MG), também comemorou a uniao entre os líderes dos partidos e os ministros. "Essa estratégia dos ministros fazendo o caminho contrário, vindo à Câmara pessoalmente e, junto com os líderes, explicando cada detalhe do que o governo quer aprovar, poderia até ter evitado outras derrotas", disse ele. Leao considerou o périplo do ministro Waldeck Ornélas, na terça-feira, na Câmara, "fundamental" para reverter votos da bancada de seu partido - o mais resistente à cobrança dos inativos, desde a tramitaçao da reforma da Previdência - para o dia seguinte.

"O ministro dissecou os pontos da cobrança dos inativos e fez todos perceberem a urgência da aprovaçao para o ajuste fiscal", disse. O deputado Delfim Netto (PPB-SP), foi um dos que, durante a apresentaçao do ministro, fez questao de declarar a reversao de seu voto. "Ele afirmou que estava votando contrariado, mas com certeza a movimentaçao dos ministros pesou na sua decisao", contou Odelmo Leao.

"O governo nao faria tanto barulho por nada, ainda por cima numa votaçao tao impopular", justificou o líder do PMDB na Câmara, deputado Geddel Vieira Lima (PMDB-BA). Para ele, a articulaçao dos ministros, somada ao trabalho dos líderes da base governista, foram essenciais para evitar uma nova derrota. "O partido se mostrou mais organizado, mais disposto a ouvir", disse. Segundo Geddel, o vácuo deixado pelas mortes de Sérjao e Luis Eduardo demonstrou que o governo deve trabalhar com coesao "exemplar". "Os partidos terao, de agora em diante, mostrar muito mais força de convencimento, num trabalho em equipe com os ministros". Para ele, depois da aprovaçao de uma medida impopular como a da cobrança dos inativos, nao haverá grandes dificuldades para os governistas na aprovaçao dos últimos pontos do ajuste fiscal.




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