Política Titulo Entrevista
Cicaroni diz que vai a boteco por Regina
Gustavo Pinchiaro
Do Diário do Grande ABC
11/06/2012 | 07:16
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Celso Luiz/DGABC


Escolhido dentro do amplo grupo de 18 partidos para ser o pré-candidato a vice-prefeito de São Caetano na chapa governista encabeçada por Regina Maura Zetone (PTB), o ex-chefe de Gabinete do prefeito José Auricchio Júnior (PTB), Luiz Antonio Cicaroni (PP), fala ao Diário sobre como vai auxiliar a petebista na corrida pelo Palácio da Cerâmica. Os botecos e os campos de futebol de várzea da cidade estão na mira de Cica, como é conhecido no meio político, por entender que os locais não são ambientes para Regina. O progressista promete popularizar a imagem da dupla nestes locais. Ele destaca a boa relação com parlamentares conquistada durante o exercício na chefia de Gabinete. Cicaroni descarta eventual ciúme criado com aliados por conta da indicação à vice e explica que a nomeação do reitor da USCS (Universidade de São Caetano do Sul), Silvio Minciotti (PSDB, que também pleiteava o posto), para coordenar o plano de governo é prêmio à intelectualidade do tucano. O progressista avisa que a chapa irá trabalhar para desassociar a imagem do também postulante ao Paço Paulo Pinheiro (PMDB) do governo.

DIÁRIO - Muito foi falado sobre pesquisas para a escolha do vice. Como a indicação do seu nome foi construída?

LUIZ CICARONI - Tenho impressão de que tudo isso é resultado do trabalho que fiz no Gabinete. Logo no começo da administração também não tinha a Secretaria de Governo. Os vereadores quando vinham ao gabinete recorriam a mim. Então fui tendo um contato com eles muito grande de amizade. Eles só passaram a contar com outro elo quando foi criada a Secretaria, mas a relação de amizade continuou. E o atendimento à população também. E aí você vai ganhando as pessoas... confiança.

DIÁRIO - Como foi o convite do prefeito para ser o chefe de Gabinete? Qual era o objetivo?

CICARONI - Eu trabalhei com o (Walter) Braido por duas administrações como chefe de Gabinete. Era uma Prefeitura diferente da de hoje, mas me deu um conhecimento grande da máquina. Posteriormente, em um curto período de tempo, fiquei com o (Antônio José) Dall'Anesse. Um período em que ele lançou um candidato diferente da corrente partidária da época (Cláudio Demambro), todo mundo foi embora para a campanha do (Luiz) Tortorello e ele (Dall'Anese) ficou falando sozinho. Então ele me pediu socorro. Fui diretor de Administração dele, acumulei com a parte política. Perdemos a eleição porque o Tortorello era imbatível. Todo o período que o Tortorello foi prefeito eu fiquei fora da política trabalhando no meu consultório. Em 2006, o Auricchio me chamou para conversar. Disse que tinha ouvido falar da minha participação política administrativa e conhecia minha história. Ele quis saber se eu não queria fazer parte da equipe dele para reelegê-lo. Porque ele queria tentar a reeleição, mas não tinha equipe montada. Achei a proposta interessante. Cê (sic) sabe. Esse negócio (política) entra no sangue da gente e pode ficar adormecido, mas quando volta, volta com tudo. Aceitei, mas eu julgava que seria na assessoria dele. Fiquei surpreendido com a chefia e a proposta de renovar. Aí eu entrei de cabeça na briga. O chefe de Gabinete ficava lá em baixo onde hoje é ocupado pelo secretário de Governo (Tite Campanella). Eu disse ao prefeito: para mudar o perfil você precisa tirar o seu chefe do esconderijo. Aí ele mandou fazer as salas todas onde estávamos. E desenvolvemos o trabalho de atender não só a população, mas também os vereadores. O contato com a população foi quase que um reatamento. Foi trazendo confiabilidade e amizade. Aí surgiu o convite. Gostei, claro. Nunca planejei, não fazia parte do meu objetivo, até que ele cogitou. Fiquei encantado com a ideia. Houve uma manifestação espontânea dos vereadores do PTB em meu favor. Entre os nomes que surgiam para postular a vice eles olharam o meu com mais simpatia. Isso provocou uma corrente. Num consenso surgiu o meu nome e fiquei satisfeito. A manifestação geral era a de que, ‘se não for do meu partido, que seja o Cica'.

DIÁRIO - A Regina disse que o seu perfil completa o dela e vice-versa. Como vão pôr isso em prática durante a campanha?

CICARONI - Tivemos um convívio muito grande na elaboração do Profamília. Olha, todos os prefeitos, desde que estou na Prefeitura, tentaram emplacar o Plano de Cargos, Carreira e Salário, contrataram fundações e nenhum deles teve êxito. Quando o Auricchio propôs isso e montou uma equipe, a mão firme e exigente da Regina, que até cansa a gente, conseguiu concluir. Pode não ser o plano ideal, mas ele saiu do papel. Ela é extremamente competente e, olhe, meu nome também foi cogitado para a Prefeitura, mas eu reconheço que ela está muito preparada. Não estou fazendo demagogia. A Regina não vai frequentar boteco. É uma médica, uma senhora, mãe de família, tem dois filhos. Não pode e não deve. Isso é uma coisa que eu faço. Campo de futebol... O que uma mulher vai fazer na várzea? É nesse sentido que nos completamos. Acho que deve ter uma equipe planejando isso, porque não vamos andar juntos todo dia. Vai ter que ser um trabalho de formiguinha, batendo de casa em casa.

DIÁRIO - Chefe de Gabinete de prefeito de longa data, o senhor considera retomar a posição caso Regina seja eleita? Como o senhor entende o papel de vice-prefeito?

CICARONI - O vice-prefeito é uma expectativa de direitos. Se o prefeito disser assim: ‘Gostaria que você representasse em tal lugar', ou se eu for designado para uma secretaria ou mesmo a chefia. É uma questão de primeiro ganhar a eleição para depois ver o que se faz com isso. Eu sou um homem de grupo. Se o vice tem condições e vontade, tem que participar da administração.

DIÁRIO - O prefeito Auricchio disse que o senhor ingressou no PP como "tampão". E acabou ganhando simpatia da direção nacional e estadual do partido. O que isso representa?

CICARONI - Acabei ficando surpreso com essa minha empatia pelo (Paulo) Maluf. Eu era um cara de esquerda. Você acha que eu ia gostar do Maluf? Mas conversa cinco minutos com ele e houve as razões e as obras que ele fez. Ele é fantástico. Naquela ocasião da eleição para deputados e deputadas, nós tivemos reunião do PP em São Caetano e foi a única vez que o Maluf veio para cá. Tinha aquela história de ficha limpa e talvez ele não fosse candidato. Havia uma série de impedimentos que tentavam bloquear a candidatura e, modéstia à parte, o nosso grupo conseguiu colocar mais de 600 pessoas na reunião. O Maluf teve 6.200 votos em São Caetano. Claro que ele é um ícone na política, pode falar bem ou mal. Gostaria muito de trazê-lo para a campanha. Acho que ele acrescenta.

DIÁRIO - Pesquisas eleitorais indicam que o principal adversário será o vereador Paulo Pinheiro, do PMDB. Qual será o discurso para combater um ex-agente do governo que compartilha a história política com o PTB?

CICARONI - Isso é um papel importante da campanha. Explicar que ele saiu e porque saiu. Ninguém falou: ‘Olha, vai embora daqui'. Ele tinha uma pretensão. Se é legitima ou não, não sei. O grupo definiu quem seria o melhor nome para a sucessão do Auricchio e ele não aceitou isso. Acho que ele não pode falar mal de uma coisa que ele apoiou por 20 anos. Temos que deixar bem claro na campanha que a candidata do Auricchio chama-se Regina Maura e tem como vice o Cicaroni. Essa pesquisa que apresenta ele como razoável é porque as pessoas confundem achando que ele ainda é do grupo do Auricchio e não é.

DIÁRIO - A indicação do reitor da USCS Silvio Minciotti para coordenar o programa de governo foi feita para evitar atritos? Como fica a relação?

CICARONI - Primeiro acho que ele é competentíssimo para desempenhar esta função. Não há mais rachas. A gente já aceitou os fatos e estamos aí, brigando juntos. O Silvio é um intelectual de primeira grandeza. É bom, muito bom. O que ele fez no PSDB é impressionante. O PSDB saiu de pífios 400 e poucos votos na eleição passada. Acho que nesta eleição eles conseguem fazer pelo menos um vereador.

DIÁRIO - Com 18 partidos no arco de alianças será delicado formar as chapas proporcionais. O senhor participará deste processo?

CICARONI - Se Deus quiser participarei, mas acho que não vai ser difícil não. Por exemplo: o PHS tem um pré-candidato a vereador, o PSC, se ficar como está, tem três ou quatro. O PRP tem um, o PPL tem três. Então você vai conseguir, nesse jogo de xadrez, compor as coligações.

DIÁRIO - Auricchio é o grande articulador e padrinho da chapa Regina/Cicaroni. Qual será o papel do prefeito em eventual governo do PTB?

CICARONI - Para falar do Auricchio vou ser suspeito, até puxa-saco. Ele é extremamente inteligente, está acima da média. Consegue articular muito bem. Aí também é uma questão da prefeita. O vice não tem que opinar. Mas ele seria um grande conselheiro. Também não sei qual seria o projeto de vida dele para depois do mandato (que acaba em dezembro). Se é ficar em uma Pasta, se é alçar outros voos, não sei.




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