A Febraban (Federação Brasileira de Bancos) está em campanha aberta contra golpistas que tentam burlar os mecanismos de proteção do sistema bancário para fraudar clientes. As ações de esclarecimento aos correntistas são necessárias e bem-vindas, mas é preciso dizer que elas bastam. E parece haver uma tentativa das instituições de transferir para os consumidores a responsabilidade pela segurança, o que é absurdo. Embora todos devam fazer a sua parte no zelo do patrimônio, proteger o dinheiro dos cidadãos é obrigação das empresas financeiras. Ainda que a imensa maioria dos casos esteja relacionada a exploração da boa-fé dos indivíduos, é inadmissível culpar as vítimas.

Segundo a Febraban, atualmente cerca de 70% das tentativas de golpes não estão relacionadas a brechas no sistema tecnológico dos bancos, mas sim à engenhosidade dos bandidos, que se aproveitam da ingenuidade dos clientes para obrigá-los a fornecer informações pessoais, inclusive senhas, que são posteriormente utilizadas para acessar as contas. Não há nenhuma razão para se desconfiar das informações fornecidas pela federação; ainda assim, as instituições financeiras não podem achar que isso as isenta da responsabilidade pelos golpes. Um bom sistema de segurança deve ser imune inclusive aos espertalhões que manipulam a boa-fé das pessoas – e eles existem aos montes.

Bancos estão entre as empresas brasileiras que mais lucram no exercício de suas atividades. Basta consultar os balanços de qualquer um deles para comprovar. Natural, portanto, que empreguem parcela desse dinheiro obtido na melhoria dos sistemas de inteligência que bloqueiem ações de fraudadores destinados a vitimar os correntistas ou no ressarcimento dos danos causados por golpistas. Os fraudadores estão sempre procurando aprimorar seus métodos; que as instituições financeiras façam o mesmo para combatê-los. Clientes que perdem dinheiro, quando de boa-fé, nunca podem deixar de serem tratados como o que realmente são: vítimas. E, por isso, merecem respeito e compreensão.