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Testemunho do enfermeiro de Safra intriga polícia
Do Diário do Grande ABC
04/12/1999 | 15:58
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O testemunho do enfermeiro do banqueiro líbano-brasileiro Edmond Safra, 67 anos, encontrado morto na sexta-feira passada em seu apartamento de Mônaco destruído por um incêndio de origem criminosa, intriga os policiais encarregados da investigaçao que suspeitam de ``cumplicidades'. ``Tudo se baseia em um testemunho, o do enfermeiro', comentou na noite de sexta-feira o promotor-geral de Mônaco, Daniel Serdet.

O homem, cuja identidade nao foi revelada, foi ferido a faca na barriga e na perna. Uma fonte ligada a investigaçao disse que o enfermeiro é norte-americano e trabalhava há cinco meses para o banqueiro, que sofria do Mal de Parkinson. O enfermeiro revelou à polícia que foi agredido na madrugada de sexta-feira, às 05h30, por dois homens encapuzados, mas suas declaraçoes foram qualificadas de ``no mínimo confusas' pelos investigadores, que o interrogaram novamente neste sábado.

Lili, 65 anos, a esposa de Edmond Safra que fugiu para um dos quartos do apartamento duplex de mil metros quadrados quando ocorreu o ataque, ainda nao prestou depoimento à polícia.

Os corpos de Safra e de sua enfermeira Viviane Torrent foram descobertos em um dos banheiros do apartamento e as autópsias realizadas neste sábado confirmaram a morte por asfixia, indicou Daniel Serdet.

A investigaçao está concentrada no que ocorreu antes do incêndio e os policiais analisam a hipótese de cumplicidade dentro do apartamento. A possibilidade de um acerto de contas foi levantada já na sexta-feira por meios financeiros em Londres, que lembraram que Safra ``era ameaçado ha algum tempo'. Alguns inclusive acreditam em uma operaçao da máfia russa. O fiscal Serdet qualificou a entrada no apartamento de ``completamente assombrosa'.

Safra estava sempre cercado -exceto pela noite de sua morte- por vários seguranças e numerosos vigilantes em suas múltiplas propriedades. O apartamento de Safra em Mônaco era considerado um ``bunker' devido as amplas medidas de segurança do edifício ``La Belle Époque'.

Safra, um dos homens mais ricos do mundo e proprietário do Banco Republic New York Corp., o 17º banco de depósito dos Estados Unidos, planejava aposentar-se. Antigo diretor-geral do American Express, Safra pretendia vender seu banco e quase a totalidade de seu império financeiro, a Safra Republic Holdings (SRH), por cerca de US$ 10 bilhoes para o grupo britânico HSBC.

Seu banco, tradicionalmente prudente em suas transaçoes, foi uma das principais vítimas da crise financeira russa do verao de 1998. Safra nao tinha filhos e nao designou nenhum herdeiro direto. Há dois anos, o banqueiro declarou a revista econômica suíça Bilan que ``queria que seu império bancário durasse 10 mil anos'.

Safra será enterrado às 11h local (8h Brasília) desta segunda-feira no cemitério judeu de Genebra, revelou Alexander Bruggmann, porta-voz do Republic National Bank. A família pretendia enterrá-lo em Jerusalém, mas desistiu e preferiu enterrá-lo em Genebra, onde viveu durante muito tempo e possuía muitos amigos.




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