O Copom (Comitê de Política Monetária) deve confirmar nesta quarta as estimativas dos analistas, que prevêem a manutenção da Selic (taxa básica de juros) em 16% ao ano. A reunião começou nesta terça e continua na quarta, quando será anunciada a decisão. Se está certo para o mercado financeiro que o BC (Banco Central) não vai alterar a taxa de juros básica na reunião desta semana, as opiniões se dividem em relação ao médio prazo.

Para a maioria dos 45 profissionais consultados, a decisão mais correta a ser tomada até dezembro é deixar tudo como está, ou seja, a Selic em 16% ao ano. Há quem ainda tenha esperança de um corte de até 0,50 ponto porcentual nos próximos meses e economistas que já começam a inserir em suas planilhas a possibilidade de alta até o fim de 2004.

Na avaliação do economista-chefe da UAM (Unibanco Asset Management), Alexandre Mathias, se o Brasil passar por um aumento de juros nos próximos meses, será por um motivo nobre, por pior que seja a elevação da Selic para a economia. Em seu cenário-base, ele projeta que ainda há espaço para um corte de 0,25 ponto porcentual da Selic até o final do ano, mas, se o Banco Central considerar que a elevação é necessária, será um movimento inédito no Brasil.

“Sempre que tivemos alta de juros aqui foi em função de choques externos ou de situações pouco confortáveis que afetavam os preços ou as expectativas, como a crise argentina, o apagão ou a percepção de que um partido de esquerda ganharia a eleição presidencial”, afirmou. Desta vez, segundo Mathias, se os juros subirem será por causa, principalmente, da preocupação com o ritmo do crescimento da economia.

Para ele, o principal empecilho para a queda dos juros nos próximos meses, ao lado da economia superaquecida, pode ser a elevação dos preços da gasolina no mercado doméstico, em função da disparada do petróleo no mercado internacional.