Em visita ao Grande ABC no dia 8 de julho, o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) garantiu, em conversa com jornalistas, que o Estado enviaria dinheiro para ajudar no custeio do Hospital de Clínicas Doutor Radamés Nardini, em Mauá. “O recurso já está saindo, está sendo liberado”, disse o gestor, à ocasião. Até ontem, todavia, a verba não havia chegado ao seu destino. Ao ser questionado pela equipe de reportagem do Diário sobre o andamento do processo, o secretário paulista de Saúde, Eleuses Paiva, tergiversou, limitando-se, por meio da Assessoria de Imprensa, a dizer que o pleito está “em análise” – coincidentemente a mesma resposta enviada ao jornal em 17 de julho.

A demora de Eleuses Paiva – que, a propósito, é médico de formação – em concluir exame de assunto que interessa diretamente ao próprio Tarcísio de Freitas levanta suspeitas sobre se sua participação não compromete a imagem de administração que busca, desde o primeiro dia, se provar eminentemente técnica. Símbolo regional de atenção à saúde, atendendo indistintamente moradores de Mauá, Ribeirão Pires, Rio Grande da Serra, Suzano e até de parte da Zona Leste da Capital, o Nardini não deve ser vítima de disputa política. Demorar mais de um mês para dar parecer sobre a viabilidade ou não de repasse de verbas foge do razoável quando o que está em jogo é a saúde de milhares de pessoas.

Mauá gasta sozinha R$ 10 milhões mensais para manter as portas do hospital municipal abertas, embora receba gente de muitas outras cidades. O pleito de R$ 3 milhões ao Estado, a cada 30 dias, não parece, portanto, ser absurdo. A lentidão da equipe comandada pelo secretário de Estado da Saúde no desenrolar do processo que beneficia o Nardini tem provocado reflexos negativos no atendimento aos pacientes do complexo mauaense. Eleuses Paiva precisa vir a público rapidamente, sob risco de colocar em xeque a palavra do próprio governador. Ou ele anuncia a data do envio dos recursos ou explica o porquê de não poder fazê-lo. O que não se tolera mais é tanta delonga.