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Montadoras adotam ação ambiental
Adriana Mompean
Do Diário do Grande ABC
06/03/2004 | 20:59
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A indústria automotiva tem realizado cada vez mais investimentos em sistemas de gestão ambiental em suas plantas, que visam diminuir a geração de resíduos dos processos industriais, a destinação adequada desses materiais, processos limpos de fabricação, bem como a pesquisa e utilização de materiais recicláveis na composição dos veículos.

“A preocupação com reciclagem e programas de gestão de resíduos passou a ser vista não somente como uma questão de fator econômico e ambiental para as empresas, mas também como questão de marketing, já que a percepção do cliente é de que esse tipo de programa indica que a montadora possui responsabilidade sócio-ambiental. A reciclagem no país ainda tem muito campo a ser desenvolvido, visto que as leis ambientais se tornaram mais rígidas nos últimos anos”, afirma Ricardo Gregorio, engenheiro do comitê organizador do Congresso SAE (Sociedade de Engenheiros Automotivos) Brasil.

A Fiat investiu US$ 90 milhões em seu Sistema de Gestão Ambiental, desde 1990, em projetos para a preservação e melhoria do meio ambiente.

A montadora, que foi certificada pela ISO 14001 em 1997, diz que conseguiu reduzir em 32% a geração de resíduos por veículo e elevar para 92% o índice de reciclagem, reaproveitamento ou venda destes resíduos, para outras aplicações ambientalmente seguras. Grande parte do trabalho ambiental está concentrado em uma área denominada Ilha Ecológica, na fábrica em Betim (MG).

Desde sua implantação, em 1998, a Ilha já possibilitou a reciclagem de 16 mil toneladas de papel e papelão e foram recolhidas e encaminhadas para reciclagem 5.480 toneladas de plásticos diversos e 1.625 toneladas de isopor. A fábrica em Betim também é dotada de estações de tratamento para os efluentes líquidos, recirculando 92% dos efluentes industriais.

No CPPR (Centro de Produção de Porto Real- RJ) do grupo PSA Peugeot Citroën do Brasil, foram investidos desde a construção da fábrica, em 2000, a quantia de R$ 20 milhões com instalações visando a proteção do meio ambiente. De acordo com Eugênio Andrade, coordenador de utilidades e meio ambiente do grupo PSA no CPPR, o custo operacional mensal das instalações gira em torno de R$ 130 mil/mês.

O CPPR realiza um trabalho de engenharia de resíduos, que permite a venda de 80% dos resíduos gerados – 20% deles, o grupo paga para reprocessar. “De 2001 a 2004, na gestão de resíduos, passamos de um débito mensal de R$ 120 mil e hoje temos crédito de R$ 40 mil por mês”, diz Eugênio. A empresa também utiliza, entre outros processos limpos de fabricação, tintas a base d’água, queimadores, lavadores e filtros de gases para minimizar emissões atmosféricas e possui circuito fechado de água que é reaproveitada.

A DaimlerChrysler do Brasil gasta anualmente cerca de R$ 10 milhões com investimentos em gestão ambiental nas três plantas da montadora (uma delas em São Bernardo). Segundo Guilherme Heinz, diretor-adjunto da gestão da qualidade da DaimlerChrysler do Brasil, deste total, R$ 7 milhões são destinados a processos de operação e R$ 3 milhões para a realização de melhorias. A montadora tem como meta a redução anual de 5% da geração de resíduos.

Segundo Heinz, a montadora investe na correta deposição dos resíduos, em processos como co-processamento, reciclagem e a destinação adequada de resíduos de classe 1, considerados perigosos. Entre os processos limpos de fabricação, a DaimlerChrysler realiza um trabalho de pintura nos motores com tinta a base d’água e tratamento anticorrosivo nas cabines dos caminhões, com o intuito de diminuir emissões.

De acordo com Glaucia Roveri dos Santos, engenheira senior da área de engenharia ambiental da General Motors, pelo menos 80% dos resíduos de cada planta da montadora são reciclados em processos externos – a empresa vende materiais para empresas de reciclagem e também paga serviços de destinação final de resíduos perigosos e que não podem ser reutilizados, como borras de tintas e lodo de estação de tratamento. Na planta de São Caetano, a água é tratada e reutilizada em operações de lavagens de peças, regas de jardins e na descarga de sanitários.




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