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Indústria do Grande ABC reduz contratações
Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
14/07/2010 | 07:44
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O emprego na indústria do Grande ABC despencou de maio para junho. O recuo, de 95,8%, fez com que o saldo de vagas passasse de 1.250 para 52 postos de trabalho no mês passado. Especialistas apontam que a retração é reflexo da contenção dos investimentos dos empresários, temendo aumento ainda maior da taxa básica de juros - que saltou de 8,75% em janeiro para 10,25% hoje e pode chegar a 12%.

De acordo com os dados levantados pela pesquisa do nível de emprego industrial da

Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo), Diadema e São Bernardo abriram 50 postos cada. São Caetano, 2. Já Santo André, fechou 50 vagas.

Os segmentos responsáveis pela criação dos postos foram produtos de borracha e material plástico e veículos automoteres e autopeças em Diadema, metalurgia e também veículos automotores e autopeças em São Bernardo e produtos de metal exceto máquinas e equipamentos e metalurgia em São Caetano.

Quem mais demitiu em Santo André foi o setor de máquinas, aparelhos e materiais elétricos seguido por produtos químicos.

Na avaliação do diretor do Ciesp de São Bernardo, Mauro Miaguti, a produção começou a ter seu ritmo pausado assim que acabaram os incentivos fiscais a setores como veículos, linha branca e móveis, em março, com o fim do IPI (Imposto sobre Produto Industrializado) reduzido.

"Com o governo federal elevando (a cada 40 dias) a Selic (taxa básica de juros), a situação ficou ainda mais complicada, pois os empresários começaram a ficar inseguros e isso inibiu a contratação de funcionários", aponta Miaguti.

Para o diretor, existe uma maior preocupação do governo em incentivar o mercado financeiro em vez do mercado produtivo. "A justificativa de aumentar os juros por conta do medo de a inflação subir é desculpa, pois a indústria ainda têm capacidade ociosa para produzir (não estando, assim, em seu limite, o que geraria muita procura e pouca oferta)", opina. "O governo reduziu a dívida externa do País, que tem juros em torno de 3%, às custas de aumentar o déficit interno, cujos juros são os mesmos da Selic (ou seja, 10,25%)."

Cautela - Para o vice-diretor do Ciesp de Diadema, Donizete Duarte da Silva, embora os números do emprego na região não sejam altos, também não devem ser vistos com maus olhos. "Pelo menos ainda estão contratando. Pior seria se o saldo fosse negativo", afirma. Isso porque, segundo ele, no mês passado diversos fornecedores da linha branca estavam pensando em dar férias coletivas a seus funcionários, o que foi revertido.

Silva partilha da opinião de Miaguti em relação ao represamento de investimentos, apontando que os empresários estão receosos. "Não estou vendo investimentos generalizados na economia. Hoje, quando se fala em investimento, só se ouve falar em Petrobras. No Grande ABC, não estamos vendo investimentos por parte dos cabeças do setor automobilístico, caso das montadoras e autopeças."

Segundo o vice-diretor, a tendência, agora, não é retomar o patamar desencadeado no início do ano. "Criou-se uma expectativa muito grande com o crescimento desenfreado do primeiro semestre, mas o aquecimento só foi alto porque a base de comparação era a de um período em recessão", diz. "Este é, portanto, um momento de muita cautela."

Emprego no Estado sobe 0,62% ante maio
O nível de emprego da indústria paulista registrou crescimento de 0,62% em junho ante maio na variação sem ajuste sazonal, a maior para meses de junho desde o início da série histórica iniciada em 2006. Na variação com ajuste sazonal, entretanto, o saldo de vagas cresceu 0,52%.

No mês passado, a indústria do Estado abriu 15,5 mil postos de trabalho. Na comparação com junho de 2009, o indicador registrou elevação de 3,81%.

No primeiro semestre, o emprego subiu 6,61% - maior alta para o período desde o início da série, com a criação de 154,5 mil vagas.

"Vemos um abatimento no vigor de crescimento, em comparação com outros meses, o que de certa maneira já era esperado", avalia Paulo Francini, diretor de Economia da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) e do Ciesp (Centro das Indústrias do Estado de São Paulo).

"O nível de emprego ainda está 5% abaixo de setembro de 2008 (o auge antes da crise), mas seguimos no processo de retomada, que deve se consolidar no início de 2011", afirma Francini.

Dos 22 setores nos quais a Fiesp divide a indústria para realizar a pesquisa, 15 contrataram, três demitiram e quatro mantiveram o quadro de trabalhadores estável.

Dos 15,5 mil postos abertos pela indústria em junho, 1.700 estão ligados ao setor sucroalcooleiro. O segmento mais bem colocado foi o de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos. Em seguida vêm metalurgia e bebidas.

Os setores de produtos de minerais não-metálicos e impressão e reprodução de gravações foram os que mais demitiram: ambos fecharam junho com queda de 0,3%. (Com agências)




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