Política Titulo
Centrão longe do PT,
perto da oposição
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
25/01/2011 | 07:44
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A bancada de centro da Câmara de São Bernardo se reuniu ontem para ratificar o que já se desenha desde o fim do ano passado: os cinco vereadores se desgarraram da aliança governista e são independentes. Esse posicionamento será mantido no Legislativo ao longo de 2011. Indagados se estarão juntos nas eleições de 2012, as respostas foram evasivas e não houve garantias. E mais: há certa inclinação à oposição implícita nas declarações.

"Nesse momento não dá para afirmar nada", frisou Vandir Mognon (PSB). "Ainda é muito cedo para falar de 2012. Quando falamos de aliança, é condição sine qua non (indispensável) ter filiação partidária", ressaltou Estevão Camolesi, que recentemente deixou o PTdoB com autorização da Justiça Eleitoral e atualmente está sem legenda.

"Nosso objetivo é ter independência política. Isso nós conquistamos no fim do ano na eleição da presidência da Câmara (o quinteto se uniu à oposição para eleger o tucano Hiroyuki Minami). Lá na frente vamos decidir o que é melhor para o grupo", avaliou Otávio Manente (PPS).

No entanto, ao comentar um pouco mais profundamente a conjuntura política de São Bernardo, o popular-socialista deu indícios do que pode ser o futuro do bloco de centro. "Estamos unidos, coesos. O que não dá para falar é que estamos em pé de igualdade com a administração (comandada pelo petista Luiz Marinho), mas com o PSDB sim, pois foi com ele que viabilizamos a presidência (do Legislativo)", explanou Otávio, ao explicar, em seguida, que o grupo "não está com A ou B" no momento.

O alinhamento com os tucanos, que têm em seus quadros o ex-prefeito e deputado federal eleito William Dib, foi ressaltado ainda quando o assunto foi o possível aumento no número de integrantes do centrão - formado, além dos três parlamentares acima, por Marcelo Lima (PPS) e Pastor Ivanildo de Santana (PSB) - ou a dfinição sobre integrar a base contrária à gestão Marinho.

"Essa conversa vamos aprofundar com o Admir Ferro (PSDB), que vejo como líder da oposição, não o Ary (de Oliveira, do PSB, que cobrou definição sobre o posicionamento do quinteto)", frisou Otávio.

Críticas à forma de condução do diálogo e dos projetos do Executivo também não faltaram. "Poucos podiam questionar e contrariar a administração. O governo deveria estar mais com a gente para ver o destino da cidade. Temos um grupo forte", discorreu Otávio. "Estamos num momento de liberdade, de questionamentos", completou Camolesi.

Na prática, os cinco parlamentares que estavam com o governo ficaram descontentes com a falta de participação e diálogo nos projetos. A própria bancada do PT, partido do prefeito, já reclamou do espaço reduzido de atuação, que enfraquece o vereador.

 

‘Nunca fui ouvido', diz Alex sobre gestão Marinho

 

Não foram só os cinco vereadores do centrão que expuseram a falta de participação e diálogo na administração Luiz Marinho. O deputado estadual reeleito Alex Menente (PPS), espécie de capitão do grupo, também realçou o problema.

"Nesses dois anos (de gestão petista), nunca fui chamado para dar opinião. Nunca fui ouvido sobre nenhuma definição do governo. Estou à disposição para ajudar a cidade", salientou o popular-socialista, que ficou em terceiro lugar na eleição municipal de 2008 e se aliou a Marinho no segundo turno.

A parceria aparentemente vinha estável, até a aproximação do pleito do ano passado. Encerrada a disputa, a relação se mostrou conturbada publicamente. Indagado se, assim como o bloco de centro, está independente, declarou. "Nunca fui dependente do Marinho. Meus dois mandatos não tiveram influência dele."

Ao ser incitado a fazer balanço do governo Marinho até o momento, Alex fez discurso politicamente correto e evitou entrar na rota de colisão direta com o petista. "Ainda não dá para ser julgado plenamente. O que dá pra dizer é que há muito a ser ajustado", ressaltou o parlamentar, referindo-se a trocas no secretariado que estão sendo estudadas pelo prefeito. "Temos de ver qual é a resposta da população (sobre a Prefeitura)", completa o vereador Otávio Manente.

Mesmo não atacando o chefe do Executivo, o deputado cobra a execução de obras oriundas de algumas de suas emendas para São Bernardo que até agora não foram feitas. O popular-socialista citou o recapeamento asfáltico e infraestrutura no bairro Parque Imigrantes, que custarão R$ 500 mil (verba que será repassada pelo Estado), e de drenagem em outros pontos do município.

 

PPS prepara terreno para candidatura de Dedé em Ribeirão

 

O PPS, sob coordenação regional do deputado estadual Alex Manente, prepara o terreno para concretizar a candidatura ao Paço de Ribeirão Pires, em 2012, de Edinaldo de Menezes, o Dedé, atual vice-prefeito.

Para isso, o partido promoverá evento daqui a duas semanas para angariar novos militantes. O objetivo é ampliar o quadro dos atuais 3.000 filiados à legenda, ao anunciar ao menos uma dezena de importantes nomes da cidade.

 "Dedé será candidato. E do governo", enfatiza Alex, rechaçando aliança com o PT local - em 2008, o PPS esteve ao lado dos petistas na maioria dos municípios da região. "Agora é buscar o consenso interno", completou.

 "Estamos preparando o partido", pondera o vice-prefeito. "O prefeito (Clóvis Volpi - PV) já citou ao menos sete nomes que podem ser indicados para a sucessão e o meu é um deles. Estou num grupo e temos de apresentar uma evolução diária. Vamos conversar", assinalou Dedé.

"Somente com um partido forte podemos angariar algo. Não é hora de pensar em candidato. Somo de um grupo forte, coeso e, no momento certo, algum político vai encabeçar o processo", afirmou.

O trabalho de ampliação do partido em Ribeirão Pires atende a uma orientação da executiva nacional do PPS, comandada pelo deputado federal Roberto Freire. "Temos de dar atenção especial às cidades com potencial de candidatura própria para vencer", finalizou Alex Manente.




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