O presidente Luiz Inácio Lula da Silva não concorda com a 'hegemonia' do Partido dos Trabalhadores no governo federal. Pelo menos foi o que revelou os líderes dos partidos da base governista, que nesta terça-feira almoçaram com Lula para discutir o tratamento que os aliados estão recebendo do Palácio do Planalto, dos ministros e do próprio PT. O encontro é considerado estratégico para a retomada das votações na Câmara dos Deputados e no Senado – algo que não acontece há aproximadamente dois meses em virtude das MPs (medidas provisórias) que trancam a pauta das duas Casas.

Para o líder do PSB na Câmara, deputado Renato Casagrande (ES), o impasse no Congresso é simples de se resolver. "Com hegemonia menor do Partido dos Trabalhadores, para que se melhore essa relação do governo com a base aliada, conseguiremos sair da paralisia que nós nos encontramos lá no Congresso Nacional, principalmente na Câmara", disse o parlamentar. Casagrande revelou ainda que o presidente se mostrou prestativo em atender às reivindicações dos aliados.

Para tentar acalmar os ânimos, Lula prometeu se reunir mensalmente com os líderes governistas para debater as votações no Congresso e os caminhos do governo. "O presidente se dispôs a, de quando em quando, se reunir com a base aliada e até, se for um pleito, com um conjunto de líderes", disse o líder do governo na Câmara, deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP). "Os líderes procuraram apontar soluções. Todos avaliamos que é fácil resolver as questões da base aliada, e a disputa entre partidos não pode turvar aquilo que é projeto de governo", completou o petista.

O líder do PC do B, Renildo Calheiros (PE), elogiou a disposição do presidente em estreitar laços com os alidos, promovendo reuniões periódicas para avaliação da atuação do governo no Congresso. Segundo ele, a disposição de todos é contribuir e colaborar para o fortalecimento da base. "O PT precisa compreender que não está sozinho. No Brasil, ninguém ganha eleição sozinho, ninguém governa sozinho, e quem pensar que governa sozinho vai dar com os burros n'água", alertou. "O presidente afirmou que não concorda com a hegemonia petista e disse ao líder Chinaglia que fosse mais líder do governo, que petista", completou.

O relacionamento do Palácio do Planalto com a Câmara e o Senado ficaram estremecidas na semana passada, quando Lula vetou o reajuste salarial de 15% aos servidores das duas Casas e do TCU (Tribunal de Contas da União), que já havia sido aprovado pelos parlamentares. No entanto, neste almoço, o presidente ressaltou que informou aos ex-presidentes do Câmara João Paulo Cunha (PT-SP) e do Senado José Sarney (PMDB-AL) que o aumento seria vetado caso passasse pelo Congresso.