Prosseguem as experiências destinadas a matar o parasita causador da moléstia, o `Trypanosoma cruzi', e estes testes já resultaram na obtençao de um bloqueador para o mal.
Uma segunda substância começou a ser testada, segundo o cientista Bert Kohlmann, de origem alema, que dirige o projeto de investigaçao da Escola de Agricultura para a Regiao do Trópico Umido (Earth) - universidade localizada em Guácimo, 100 km norte de San José, uma das dez instituiçoes que coordenam esforços para encontrar a cura na América Latina e Estados Unidos.
"Ainda procuramos outros bloqueadores para experimentá-los em cobaias, o que leva normalmente dez anos; em seguida, teremos cinco a dez anos de testes clínicos, com humanos. Há otimismo porque estamos usando duas técnicas", afirmou.
Com a ajuda da Nasa, Costa Rica e outros países da América Latina pesquisam espécies de plantas tropicais; ao lado disso, nos Estados Unidos, na Universidade de Alabama (sul), a pesquisa está sendo feita por computador, precisou Kohlmann.
"Encontramos uma substância derivada de uma árvore da Costa Rica, conhecida popularmente como `índio desnudo', que bloqueia uma das enzimas do parasita. Vamos testá-la em cobaias, ao mesmo tempo em que investigamos uma segunda matéria", comentou.
Em fevereiro de 1997, o astronauta costarriquenho Franklin Chang, da Nasa, levou ao espaço o bloqueador extraído da planta encontrada na Costa Rica. Devido à ausência de gravidade, torna-se mais fácil sua cristalizaçao, permitindo estudar em detalhes a estrutura molecular das substâncias que inibem a atividade do parasita causador da doença.
O mal de Chagas é observado, principalmente, na Bolívia, na Argentina, no Chile, no Peru e no Brasil, causando a morte de entre 19 mil e 20 mil pessoas por ano, um número superior às mortes provocadas pela Aids, segundo estudos da Earth.
"Os grandes laboratórios farmacêuticos nao têm nenhum interesse na pesquisa porque o mal afeta as pessoas pobres, o que nao lhes é rentável. Mas nós continuaremos", destacou.
Milhoes de camponeses latino-americanos estao expostos ao ataque silencioso do inseto transmissor do parasita, que vive em casas de madeira ou taipa, especialmente com chao de terra batida e animais domésticos nos arredores.
Segundo técnicos da Organizaçao Mundial de Saúde (OMS), o mal se estenderá enquanto houver casas precárias, migraçao freqüente e urbanizaçao das zonas rurais.
O inseto transmissor da doença alimenta-se de sangue humano liberando o parasita nas fezes. A doença atinge o coraçao, o sistema digestivo e o cérebro.
Segundo Kohlmann, 30% das pessoas infectadas morrem 20 anos depois da picadura do inseto, em geral de ataque cardíaco; algumas variedades mais agressivas, existentes na fronteira entre Bolívia e Brasil, podem causar a morte em três anos.
Além da Earth, da Nasa e da Universidade de Alabama, participam do projeto universidades e institutos especializados de Argentina, Chile, Brasil, Uruguai, México e Costa Rica.
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