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Prefeito Mário Reali aperta o cinto e reduz cota de gasolina em Diadema
Elaine Granconato
Do Diário do Grande ABC
10/11/2009 | 07:47
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Sem combustível por falta de pagamento, vários veículos da frota municipal e terceirizada da Prefeitura de Diadema estão desde sábado sem rodar. A situação, no entanto, deve se agravar nos próximos dias. Serviços essenciais, como o transporte diário de crianças especiais às escolas e clínicas especializadas ou de pacientes para sessões de fisioterapia, podem ser suspensos temporariamente, segundo servidores públicos e motoristas terceirizados entrevistados ontem, que pediram para não ser identificados.

"Quem ainda tinha gasolina no tanque hoje (ontem) fez as viagens. Os demais ficaram o dia todo de braços cruzados na garagem. O posto que abastacemos está sem receber da Prefeitura", contou um motorista. O problema é recorrente por parte da administração Mário Reali (PT), que passou pelas mesmas dificuldades em menos de um mês.

O Diário foi ontem à tarde até uma das garagens da Prefeitura, na Vila São José. Ali, ficam os veículos oficiais e terceirizados das secretarias de Educação, Cultura e Esportes. Somente na rua Barão de Paranapiacaba, por exemplo, eram oito veículos parados, entre caminhões-baú, vans, peruas Kombi e Gols. Do lado de dentro, o pátio tinha várias peruas e vans estacionadas - todas da Transkomby, empresa responsável pela frota terceirizada e que mantém contrato com a administração.

Como paliativo, por volta das 17h30 de ontem, o pouco diesel de um caminhão-baú estacionado em frente à garagem foi transferido para uma das vans, que hoje transportará parte das crianças que recebem atendimento especial clínico e escolar.

Porém, a situação é preocupante. Segundo o Diário apurou com servidores da Educação, a maioria dos pais das crianças especiais foi comunicada ontem, por telefone, que não haverá transporte público municipal nos próximos dias. Motivo: falta de combustível nas vans.

Na área da Saúde, o panorama não é diferente. As ambulâncias e o transporte para pacientes de hemodiálise não serão interrompidos, conforme relato de um dos motoristas. "Mas vai parar o transporte da fisioteparia amanhã (hoje) e não há previsão de volta", contou outro servidor.

O Diário fez ontem vários questionamentos à Prefeitura, que não respondeu.

Procurado por telefone após o expediente, um dos encarregados da Transkomby, que se identificou apenas como Leonildo, disse que os veículos da frota terceirizada "rodaram normalmente ontem". Ele negou qualquer tipo de problema com o fornecimento de combustível por falta de pagamento. "Nenhum carro ficou parado".

Mesma versão foi apresentada por Bruno Gouveia, dono do Posto Texaco, único que faz o fornecimento de combustível à Prefeitura. Porém, nenhum veículo oficial foi visto no local.

 7.000 servidores correm o risco de ficar sem adiantamento

Além do problema da falta de combustível da frota oficial e terceirizada da Prefeitura de Diadema, o governo Mário Reali (PT) corre o risco de não efetuar pagamento do adiantamento salarial dos cerca de 7.000 servidores públicos na sexta-feira.

Parte dos servidores públicos está sem receber, até o momento, a primeira parcela do 13º salário. E segundo o prefeito Mário Reali declarou na sexta-feira - o Diário não foi chamado para coletiva de imprensa -, agora a prioridade será equacionar o pagamento salarial do funcionalismo.

Embora a Prefeitura de Diadema não tenha respondido ontem aos questionamentos da reportagem, entre hoje e amanhã, deve sofrer mais um sequestro de renda. A Justiça determinou que os repasses incidam sobre o ICMS (Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) do município.

Trata-se da terceira parcela de precatório de R$ 12 milhões fruto de desapropriação no bairro Pirapoporinha há quase três décadas. Sem juros e correções monetárias, o valor baixou para R$ 8 milhões, segundo cálculos da Secretaria de Assuntos Jurídicos.

De janeiro até agora, foram subtraídos dos cofres públicos em torno de R$ 38 milhões, oriundos de dívidas para pagamentos de precatórios.

A presidente do Sindema (Sindicato dos Funcionários Públicos de Diadema), Jandyra Uehara Alves, disse ontem que desconhecia a possibilidade de atraso. "Não tivemos nenhuma reunião com a Preitura nem fomos comunicados por qualquer tipo de documento", afirmou ontem, ao acrescentar que enviaria ofício ao governo para pedir explicações. "Só com a resposta oficial poderemos tomar medidas necessárias", justificou.

HORAS EXTRAS - Na última sexta-feira, circular interna chegou aos servidores públicos de Diadema. No documento, o prefeito Mário Reali determina conjunto de medidas para "minimizar" o problema decorrente dos sequestros, a fim de "dar continuidade aos serviços essenciais" da Prefeitura. Entre as medidas, está "redução das despesas com horas extras".

A partir deste mês, segundo ofício, a cota existente por secretaria terá de ser reduzida em 25%. "Serão pagas somente horas extras autorizadas expressamente pelo secretário(a) da Pasta". O documento é assinado pelo secretário de Gestão de Pessoas, João Garavelo.




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