Admirada pelo ex-presidente Gustavo Franco, que nao economizava elogios à sua funcionária, Socorro nao conseguiu ter o mesmo apoio do também ex-presidente Francisco Lopes. Questionador de suas posiçoes nas reunioes do Comitê de Política Monetária (Copom), Lopes nao poupou-lhe ironias quando o governo decidiu deixar o câmbio flutuar. "Agora a doutora Socorro pode ir para casa assistir programas de culinária na televisao", comentou.
Na sexta-feira negra, ou seja, no dia 29 de janeiro, dia em que o presidente Fernando Henrique Cardoso considerou que o BC perdeu a briga com o mercado, os comentários no Palácio do Planalto foram que o Banco Central nao tinha operadores de câmbio. Revoltada, Socorro reagiu afirmando que operadores havia e o que faltava era uma política geral de orientaçao. Ou seja, a falha estava no comando do governo.
Convidada por Franco, Socorro assumiu o Depin quando o país acumulava reservas de US$ 58,9 bilhoes. Na crise da Asia, em outubro de 97, primeira sangria de divisas, ela foi considerada peça fundamental na reaçao ao ataque especulativo e atuou nas mesas ao lado de Franco. Desde a crise da Rússia, em agosto do ano passado, Socorro assistiu a saída de mais de US$ 50 bilhoes do país. Nesta quinta-feira, segundo admitiu o diretor de Assuntos Econômicos do BC, Sérgio Werlang, desconsiderando os recursos do Fundo Monetário Internacional, as reservas estao em torno de US$ 24 bilhoes.
A ex-chefe do Depin assume nova funçao no BC na coordenaçao do trabalho de monitoramento das linhas comerciais e relacionamento com os bancos estrangeiros. Ela vai trabalhar diretamente com o diretor de Assuntos Internacionais, Daniel Gleizer.
Daso - Dos 22 anos que ele está no BC, 15 foram no Depin. Daso chefiou todas as divisoes do departamento e operou em todas as mesas. Filho do ex-deputado Daso Coimbra, ele também participou das negociaçoes da dívida externa nos anos 90, quando o atual ministro da Fazenda, Pedro Malan, comandava estas conversas.
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