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BC troca comando de operaçoes das reservas
Do Diário do Grande ABC
08/04/1999 | 18:04
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A partir desta quinta-feira o comando das operaçoes das reservas internacionais no Banco Central passou às maos do administrador de empresas Daso Maranhao Coimbra, funcionário do BC há 22 anos. Ele substitui Maria do Socorro Carvalho, que chefiava o departamento desde janeiro de 97. A saída de Socorro foi atribuída ao fato de ela ter-se oposto, radicalmente, à mudança da política cambial em janeiro.

Admirada pelo ex-presidente Gustavo Franco, que nao economizava elogios à sua funcionária, Socorro nao conseguiu ter o mesmo apoio do também ex-presidente Francisco Lopes. Questionador de suas posiçoes nas reunioes do Comitê de Política Monetária (Copom), Lopes nao poupou-lhe ironias quando o governo decidiu deixar o câmbio flutuar. "Agora a doutora Socorro pode ir para casa assistir programas de culinária na televisao", comentou.

Na sexta-feira negra, ou seja, no dia 29 de janeiro, dia em que o presidente Fernando Henrique Cardoso considerou que o BC perdeu a briga com o mercado, os comentários no Palácio do Planalto foram que o Banco Central nao tinha operadores de câmbio. Revoltada, Socorro reagiu afirmando que operadores havia e o que faltava era uma política geral de orientaçao. Ou seja, a falha estava no comando do governo.

Convidada por Franco, Socorro assumiu o Depin quando o país acumulava reservas de US$ 58,9 bilhoes. Na crise da Asia, em outubro de 97, primeira sangria de divisas, ela foi considerada peça fundamental na reaçao ao ataque especulativo e atuou nas mesas ao lado de Franco. Desde a crise da Rússia, em agosto do ano passado, Socorro assistiu a saída de mais de US$ 50 bilhoes do país. Nesta quinta-feira, segundo admitiu o diretor de Assuntos Econômicos do BC, Sérgio Werlang, desconsiderando os recursos do Fundo Monetário Internacional, as reservas estao em torno de US$ 24 bilhoes.

A ex-chefe do Depin assume nova funçao no BC na coordenaçao do trabalho de monitoramento das linhas comerciais e relacionamento com os bancos estrangeiros. Ela vai trabalhar diretamente com o diretor de Assuntos Internacionais, Daniel Gleizer.

Daso - Dos 22 anos que ele está no BC, 15 foram no Depin. Daso chefiou todas as divisoes do departamento e operou em todas as mesas. Filho do ex-deputado Daso Coimbra, ele também participou das negociaçoes da dívida externa nos anos 90, quando o atual ministro da Fazenda, Pedro Malan, comandava estas conversas.




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