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Sônia Braga atua em 'Um Drink no Inferno 3'
Do Diário do Grande ABC
23/03/2000 | 14:27
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Com novelas como "Gabriela" e "Dancing Days", filmes como "Dona Flor e Seus Dois Maridos" e "A Dama do Lotaçao", Sônia Braga firmou-se como uma preferência nacional. Nas suas curvas derrapou o imaginário do homem brasileiro. Sônia virou sinônimo de sexo. Sensual até a raiz dos cabelos, dela pode-se dizer que o mito suplantou a atriz. Sônia foi tentar uma carreira americana e virou Sonia, sem acento. A carreira americana nunca foi lá essas coisas, mas nunca havia descido tao baixo quanto em "Um Drink no Inferno 3". O filme é puro trash. Tao ruim que consegue ser divertido. Mas Sônia deveria preservar mais sua imagem. Ela sai arranhada da mais nova traquinagem de Robert Rodriguez e Quentin Tarantino.

Tarantino surgiu como a grande revelaçao do cinema americano nos anos 90, com filmes como "Caes de Aluguel" e "Tempo de Violência", o célebre "Pulp Fiction". Infelizmente ligou-se a Rodriguez, que ganhou o primeiro plano quando conseguiu fazer, segundo se afirma por míseros US$ 7 mil, o filme intitulado "El Mariachi". A ligaçao entre os dois liberou o que havia de mais trash em Tarantino. Com exceçao do belo Jackie Brown, só tem feito bobagens.

Tudo começou com "Um Drink no Inferno", uma fantasia sobre vampiros num saloon no deserto. O filme de 1996 arrebentou nas bilheterias. Teve uma seqüência, que reciclava, para pior, a fórmula do original. Chega agora o número 3. Tem como subtítulo "A Filha do Carrasco". Foi feito para vídeo (quem lança no Brasil é a Paris). A série continua apadrinhada por Rodriguez e Tarantino. O vídeo ostenta o nome deles bem grande. Lá embaixo, em letras pequenininhas, o espectador descobre que o diretor é PJ Pesce. Sabe-se lá de que lata de lixo surgiu.

A história é do próprio Robert Rodriguez, em parceria com um certo Alvaro Rodriguez. A família está aumentando no cinema. Num certo sentido, pode-se dizer que o terceiro filme se aproxima mais do espírito do primeiro. Começa com uma tentativa de execuçao. Marco Leonardi (de "Como Agua para Chocolate") representa o homem que vai ser enforcado. Consegue fugir, levando a filha do carrasco. Para dar um toque intelectual à trama, imagina-se que o renomado escritor e jornalista Ambrose Bierce também participa do imbróglio. Há ainda um pregador religioso e sua mulher e uma garota que quer que Leonardi a ensine a ser bandida.

Toda essa gente vai parar num saloon. É o covil dos vampiros, liderados por Sônia Braga, que identifica na filha do carrasco a prometida que os sugadores de sangue esperam. A essa altura, o filme deixou de ser simplesmente extravagante para ser absurdo. Há muitos efeitos especiais e a maquiagem deixa todo mundo com aquela cara deformada que convém aos vampiros que "Um Drink no Inferno 3" quer ridicularizar.

É possível que o espectador se divirta, se gostou do primeiro filme. Mas Sônia, decididamente, merecia melhor. Como outro mito sexual, Brigitte Bardot, ela nao se tem preocupado em evitar, ou mesmo disfarçar, os signos do envelhecimento. Talvez devesse. Sua vampira nao é sexy. Mostra quase tudo e consegue ser apenas caída.




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