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SP tem última oportunidade de ver Ismael Nery
Everaldo Fioravante e
Melina Dias
Da Redaçao
30/09/2000 | 15:55
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"Esperei até hoje que vós me descobrísseis". A frase, impressa na entrada da mostra Ismael Nery - 100 Anos, A Poética de um Mito, convida e antecipa o que está por vir. Este domingo é o último dia - talvez das próximas décadas - para encontrar o artista excêntrico, um tanto quanto melancólico, mas fascinante, que foi Ismael Nery (1900-1934).

Há 16 anos nao era vista uma reuniao tao importante de suas obras. A maioria do que pode ser apreciado neste domingo no Museu de Arte Brasileira da Faap (Fundaçao Armando Alvares Penteado) vem de acervos particulares - 43 colecionadores foram mobilizados.

O trabalho da curadora Denise Mattar e sua equipe (mais de 50 pessoas) foi árduo, consumiu um ano, mas encerrou brilhantemente a trilogia que celebra o centenário de nascimento de importantes modernistas - três homens que ousaram e experimentaram em diversas áreas de expressao - iniciada com Di Cavalcanti, em 1998, e seguida de Flávio de Carvalho.

A essa última foi conferido pela APCA (Associaçao Paulista de Críticos de Arte) o prêmio de melhor retrospectiva de 1999.  Nery foi pintor, desenhista, poeta, filósofo, estilista de moda, bailarino e fez projetos de arquitetura e cenografia. É considerado o primeiro surrealista do país e precursor do modernismo na capital brasileira do início do século, o Rio, cidade em que ele viveu a maior parte de sua curta existência, após a vinda de sua cidade natal Belém, no Pará.

Antes da apresentaçao da mostra, um último elogio: o caráter de mergulho na obra e no homem proposto pela curadoria é reforçado pelo eficiente layout do espaço expositivo - intimista, conduz à introspecçao e acolhe. Ponto também à soluçao encontrada para dar o destaque necessário aos escritos de Nery, que tanto denunciam sobre o artista. As palavras do poeta, um pouco acima do rodapé das paredes, podem e devem ser lidas em um primeiro giro pelo salao.

Ismael Nery - 100 Anos, que já passou pelo Centro Cultural Banco do Brasil, no Rio, entre junho e julho, onde atraiu 120 mil visitantes, conta com 154 obras, sendo 44 óleos e 110 guaches, aquarelas e desenhos.  Quanto aos custos: "O valor das obras expostas está avaliado em US$ 28 milhoes. Cerca de dez trabalhos valem US$ 1 milhao cada. Englobando a mostra no Rio e em Sao Paulo, foram gastos mais de R$ 500 mil", afirma Denise Mattar, que já foi curadora do Museu da Casa Brasileira, em Sao Paulo, do MAM-SP e do MAM-RJ.  "Essa mostra é uma raridade. Em 15 anos de curadoria, foi a mais complicada que fiz. Nao foi fácil localizar os trabalhos, que também sao muito caros, pois o Nery morreu cedo e pintou pouco: é a lei da oferta e da procura. As obras dele sao mais caras que as de Portinari ou de Di Cavalcanti", fala Denise.

Durante o período da exposiçao, aconteceu a performance 33, com participaçao do bailarino andreense Sandro Borelli. Hoje, ela será apresentada às 16h e às 17h. n Ismael Nery - 100 anos, A Poética de um Mito - Mostra individual retrospectiva. No Museu de Arte Brasileira da Faap - r. Alagoas, 903, Sao Paulo. Tel.: 3662-1662, ramal 1.123. Domingo, das 13h às 18h. Entrada franca. Ultimo dia.




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