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Adequação ao livro digital preocupa empresas
Bárbara Ladeia
Do Diário do Grande ABC
21/06/2009 | 07:48
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Com a proximidade do fim do prazo para entrega dos livros fiscais em versão digital para a Receita Federal, empresários de grande porte não escondem a preocupação. A adequação ao novo formulário, chamado Sped (Sistema Público de Escrituração Digital) tem exigido muita pesquisa e jogo de cintura dos contadores.

Não apenas uma digitalização de todo o movimento de caixa e estoque das empresas, a adequação ao Sped implica na coleta de diversas informações que, até então, vinham disponibilizadas separadamente nas bases de dados das empresas.

Sorte do empresário que usa como seu software de contabilidade alguma ferramenta com os perfis parecidos aos pedidos no novo sistema da Receita. "Essa adequação é bem complicada", lamenta Gislaine Perez, proprietária de um escritório de contabilidade em São Caetano. "O prazo foi pequeno demais. Só tivemos seis meses para essa mudança tão complexa. Nunca tivemos de detalhar tanto os nossos sistemas."

Segundo Wanny Arantes Bongiovani di Giorgi, coordenadora do curso de contabilidade da UniABC, a principal dificuldade enfrentada está justamente na limitação dos sistemas usados até então. "Eles não estavam tão aprimorados para se adaptar tão rapidamente ao Sped", justifica. "A Receita agora passa a oferecer a formatação dos dados."

Embora favoreça a organização dentro da empresa, o Sped tem como objetivo principal reforçar a fiscalização. "Com a nova ferramenta o governo vai aplicar um raio-x sobre a companhia para conhecer seus fornecedores, estoques, volumes de vendas e compras etc", comenta Wanny. "Toda a rede de relacionamentos da empresa será mapeada pelo governo, que se constituirá numa espécie de sócio invisível."

Vagner Jaime Rodrigues, sócio da Trevisan Outsourcing, não acredita que os fabricantes de softwares contábeis tenham tido dificuldades em criar plataformas semelhantes ao Sped. "Já se fala do Sped há mais de um ano. Os desenvolvedores já vinham trabalhando em cima disso", afirma. "Mais importante que o próprio software, é fundamental que a base de dados da companhia esteja pronta para receber os dados e atender ao fisco de forma eficiente."

No entanto, Rodrigues entende que a adoção do Sped não só simplifica a operação como já prepara o ambiente para a reforma tributária. Para ele, o principal gargalo do novo sistema está na segurança da informação. Esse excesso de conteúdos estratégicos nas mãos do governo pode gerar ameaças à livre concorrência do mercado.

"Nesse momento minha maior questão tem a ver com a segurança. O governo vai mapear fornecedores, políticas comerciais, fórmulas de produtos, clientes potenciais, entre outros aspectos. Quem me garante que essas informações não serão vazadas para pessoas indevidas?", aponta.




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