Vários negociadores consideraram que será difícil alcançar neste domingo um compromisso sobre o texto constitucional iraquiano, que supostamente deve ser apresentado ao Parlamento na segunda-feira, apesar do otimismo do presidente Jalal Talabani sobre a possibilidade de um acordo. Além disso, o mês de agosto figura como um dos mais sangrentos para o exército americano no Iraque, que perdeu 44 militares em duas semanas.

"As reuniões entre os líderes políticos iraquianos continuavam, a 24 horas do prazo para a entrega de um projeto de Constituição ao Parlamento, mas a não ser que haja um milagre, não haverá acordo hoje (domingo)", afirmou à AFP o negociador sunita Saleh al Motlak. "Não aceitaremos o federalismo. (...) Esta é uma questão da qual não podemos abrir mão porque afeta a unidade do Iraque", explicou.

Interrogado sobre as declarações do presidente Jalal Talabani (curdo), que no sábado anunciou progressos na maioria dos 18 pontos de litígio do texto constitucional, Al Motlak considerou que "houve progresso entre eles (os curdos) e a AUI (Aliança Unificada Iraquiana, xiita), e não sobre a base de um compromisso de todas as partes". "Não se elabora uma Constituição em poucas horas, e um texto incompleto não representará o povo iraquiano", continuou.

O embaixador norte-americano Zalmay Jalilzad, que participa dos debates, espera que um acordo seja atingido antes da data prevista, mesmo que entre xiitas e curdos ainda haja alguns pontos a serem resolvidos.

No sábado à noite, os chefes dos dois grupos majoritários no Parlamento, a AUI e os curdos, se reuniram sem chegar a um acordo total. "Não há novos resultados", disse o deputado curdo Mahmud Osman. "A distribuição das riquezas e a questão da autodeterminação continuam sendo discutidas", explicou a deputada xiita Mariam al Rayes.

Mesmo que os dois grupos cheguem a um acordo neste domingo, os demais atores políticos poderão rejeitar o texto, principalmente os sunitas. "Entre os grupos xiita e curdo poderá ser possível um acordo. Mas se quisermos uma Constituição completa aceita pelo partido iraquiano (do ex-primeiro-ministro Iyad Allawi) e pelos sunitas, não creio que seja possível (um acordo) hoje", disse Osman.

Enquanto isso, cinco soldados americanos morreram em diversos ataques desde a sexta-feira no Iraque, e um sexto foi encontrado morto. O número de soldados americanos mortos no mês de agosto chegou a 44. O número de militares americanos mortos no Iraque desde a invasão do país em março de 2003 aumentou para 1.841 até a sexta-feira, de acordo com números divulgados pelo Pentágono.

Em Bagdá, um diretor geral do Banco Central iraquiano foi seqüestrado neste domingo pela manhã por homens armados em sua casa, informou uma fonte do Ministério do Interior. Ao sul da capital, os corpos de 30 pessoas foram encontrados em uma vala comum e vários árabes suspeitos de planejar e cometer atentados foram detidos, segundo fontes de segurança.